O BODE
Clerisvaldo
B. Chagas, 22 de junho de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.910
Atualmente
está mais difícil encontrar criatório de bode no médio Sertão de Alagoas. Bode
assado, bode guisado, nada de bode... São as opiniões do nosso povo nordestino.
E se no Médio Sertão, ele se tornou raridade, no Alto Sertão continua em
evidência. O bode (Capra hircus) está em moda na culinária nordestina. Sua
carne é enxuta, quase exótica, altamente nutritiva e sadia para todos os
viventes. Em entrevista feita por nós a um pequeno criador sobre o
desaparecimento do animal do Médio Sertão, ele nos falou: “O bode tem carne
pouca e dá muito trabalho. Veja que o bicho até trabalhar em circo, trabalha”.
É diferente do carneiro que tem muita carne e é fácil de manejo”.
Existe
muito preconceito contra o bode, até na Bíblia o bode é de esquerda e a ovelha
de direita. Muitas piadas são atribuídas aos atos sexuais do caprino, pois demora
a copular e fica muito tempo rodeando a cabra e “bodejando”. O macho possui
cavanhaque e quanto mais velho mais fede, devido sua urina na própria pelagem,
dizem. O bode maduro ou velho é chamado popularmente de “pai-de-chiqueiro”. E
todas as pessoas preferem comprar para consumo bodes e carneiros entre 13 a 15
quilos. Por outro lado, se o seu criatório
dá trabalho, mas é um animal resistente à seca e por isso tem a preferência
sobre outros gados no Alto Sertão onde a temperatura é muito alta. Quando
existe dificuldade de pasto, no período seco, o bode sai pela caatinga comendo
quase tudo que encontra, inclusive, casca de árvore. É por isso que se diz:
quanto mais seco o tempo, mas o bode é gordo.
A
cabra, fêmea do bode, antigamente produzia em torno de meio a um litro de
leite, diariamente. Hoje, devido a tantos melhoramentos genéticos já
impressiona com a quantidade. Dizem que é o melhor leite depois do leite
materno humano. Cabras têm abastecido hospitais com esse produto. E, finalmente
a famosa “buchada” que todos que apreciam o prato, dizem que é muito mais
saborosa do que a buchada de carneiro. Apesar de gente que torce a cara ao
falar em buchada, têm sujeitos no Sertão que andam uma légua (termo em voga = 6
km) a pé para comer essas entranhas de ovinos ou caprinos. E para finalizar,
uma quadra de famoso e saudoso cantor de forró:
“Eu faço uma buchada
De bucho de bode
Que o sujeito come tanto
Que mela o bigode...
O
COICE DO BODE, LIVRO DE HUMOR MAÇÔNICO 1993. (FOTO B. CHAGAS).
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