PASSEANDO E REFLETINDO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de junho de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.915
Espiei
o tempo, medi o intervalo entre chuva e estio e parti a pé visando a região da
antiga Volta. Volta era o nome da área onde hoje existe a barragem assoreada de
Santana do Ipanema, à margem da BR-316, bem na saída da cidade para o Alto
Sertão. A ponte que faz a estrutura da barragem é bem feita e remonta a 1951,
porém é estreita e faz medo passar por ali juntamente com um veículo; e se for
dos grandes pior ainda. O pedestre tem cerca de quarenta centímetros de largura
num alto relevo para se encolher entre uma carreta e o abismo, cuja murada
apenas vai até a região do quadril. Representa também o lugar como ponto de
suicídio, tanto para o lado do assoreamento quanto para o lado somente de
rochas. A ponte ficou conhecida como Ponte da Barragem. O erro para pedestres é
repetido na ponte do Centro da cidade e que também é fonte de suicídios.
A
antiga Volta ou Volta do Rio ou Volta do Ipanema, propriamente dita, é que,
quando o rio Ipanema chega a nossa cidade, vindo do município de Poço das
Trincheiras, após a citada barragem, desce ainda 400 ou 500 metros pelo
escoadouro da barragem e, ele que vem em direção norte-sul, faz uma admirável
curva ao encontrar altas barreiras na margem direita e corre em direção leste
para o centro da cidade. Atualmente a palavra “Volta” perdeu-se na evolução da
urbe a ponto de um ilustre amigo me perguntar sobre ela. Pois era para lá que
eu estava indo saber se ainda existia uma granja feita na margem esquerda. Mas
há muito que a granja deixou de existir deixando apenas uma estrutura de
concreto entre o rio e a última rua paralela à Volta.
Bati
foto, apenas pelo valor estimativo temporário. Lembrou outra granja que foi
extinta, do outro lado da cidade e que produzia 30.000 mil ovos/dia. A falta de
incentivo vai assim destruindo pequenas e médias empresas que geravam empregos
renda, produção local de alimentos e intensa circulação de dinheiro no
comércio. Engoli seco e fui espiar a Volta. Tão bonita, tão famosa... Tão esquecida!
A curva perfeita do rio está viva ainda, repleta de areia grossa, pedregulhos
semeados e basculhos secos e enganchados pelas rochas e pelos troncos ainda
tenros de novas craibeiras que brotam das rachaduras. Antigo lugar de banhos de
passeios catequistas, de história santanense.
Melancolia,
lembranças... Saudades.
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