OCO DE
PAU
Clerisvaldo
B. Chagas, 7 de junho de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.100
Para Janete Martins, Ivan Caju e Paulo
Décio
Andando
pela caatinga compacta, vez em quando, o homem rural descobria uma árvore
ocada, no tronco ou no galho. O oco de uma árvore poderia ser lugar de ninho de
alguns tipos de pássaros ou ponto certo de alguns tipos de abelhas. Nem todos
os pássaros e nem todos os tipos de abelhas utilizam esse defeito da árvore
como morada. Mas é muito interessante quando o homem, munido de machado e
vasilha limpa, bota abelhas para correr e se apodera do mel existente,
delicioso e em grande quantidade.
Quando
não havia banco, o agropecuarista utilizava o oco de pau para esconder
dinheiro, bem como enterrava cédulas e moedas dentro de caixotes ou de baú de
couro. Segundo o filho do cangaceiro Corisco, Silvio Bulhões, a melhor maneira
que os cangaceiros de Lampião encontraram para esconder e armazenar munições, era
em oco de pau, dentro de recipientes de vidro vedados com cera de abelha.
Inclusive, após a época de cangaço, foram encontrados por acaso, pelos catingueiros,
essas preciosidades da história cangaceira.
Corre
um perigo grande quem se arrisca no meio da caatinga, colocar a mão no oco de
pau. Como foi dito, muitas cobras não
gostam de morar em oco de árvore, mas isso não a impede de visitar esses pontos
em busca de ovos, de filhotes e de pássaros adultos.
Já
aconteceu inúmeras vezes descobertas de dinheiro antigo dentro de oco de pau,
supondo-se que tenham sido ali depositados e o dono tenha falecido antes de
retirá-lo e sem ter dito nada a ninguém. Seria uma espécie da tão famigerada
botija das lendas sertanejas.
O
oco de pau pode acontecer de várias formas, mais verticais, mais redondos e de
outras formas, mas todos exigem cuidados durante sua verificação. Inclusive
também já foram encontradas armas curtas e armas longas, supondo-se que a
maioria delas tenha sido depositada por cangaceiro com armas sobrando e para
aliviar o peso nas suas caminhadas. Nesse caso a árvore era bem marcada num
papel ou no mapa da cabeça. Dificilmente o cangaceiro recuperava a arma, até
porque por ali não passava mais devido as circunstancias das jornadas.
OCO
DE PAU (FOTO: STOCK).
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