quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CACHAÇA NO QUENGO

CACHAÇA NO QUENGO

(Clerisvaldo B. Chagas. 16.10.2009)

Para os professores apologistas do folclore nordestino: Valter Alves, Fábio Campos mais João de Oniel e Cecéu.

Entre os folguedos do estado alagoano, avulta-se o Guerreiro. Dependendo de inúmeras coisas, cada grupo pode variar entre 25 e 64 figurantes. O Guerreiro, com roupas vermelhas e azuis entre fitas coloridas, chapéus e espelhos, comemora o nascimento do Cristo, daí o surgimento quase sempre em época natalina. Alguns pesquisadores atribuem à origem do Guerreiro, vinda de uma dissidência do Reisado, sendo mais leve e ocupando menos pessoas. Esse folguedo teria aparecido entre as décadas de 20 e 30 do século passado. Chamam a atenção no Guerreiro, o colorido das suas vestes, as belas mocinhas que são chamadas “figuras”, o ritmo agradável, os improvisos do Mestre, também chamados de “embaixadas” e as brincadeiras dos Mateus. De qualquer forma, não cabem neste trabalho os detalhes sobre esse maravilhoso folguedo. Queremos chamar atenção apenas para a beleza dos versos de mestres talentosos. Muitos poetas célebres de Reisados e Guerreiros ainda continuam imortais em Alagoas. Algumas estrofes tornaram-se clássicas alagoanas como as seguintes:

“Ô minha gente...

Dinheiro só de papé

Carinho só de mulé

Capitá só Maceió...”

“Se eu me casar

Com mulé feia demais

O diabo é quem não faz

Todo dia ela chorar...”

Lembro da Expedita, mulherona branca e formosa chegada ao Guerreiro; era empregada na casa de meu pai. (Por onde andará a Expedita?). Gostava de cantar para mim no balançar da rede (inclusive, a estrofe abaixo foi parar em um dos meus romances):

“O avião subiu

Se alevantou

No ar

se peneirou

Pegou fogo e levou fim...”

Pois bem, deixando tantos versos bonitos de lado, resolvemos contar um caso de Guerreiro que se passou na zona rural de Penedo, segundo o subtenente Eurípedes (In memoriam). Convidado para brincar no aniversário de um fazendeiro, o grupo folclórico apresentou-se e começou a dançar até a meia-noite. O mestre era bom, tirava versos a valer e, as figuras faziam sucesso absoluto. Mas acontece que ninguém é de ferro e o mestre do guerreiro já começava a enrolar a língua pela força da “marvada”. Foi aí que alguém interferiu, dizendo ao mestre que ele já havia falado em tudo menos elogiado o dono da casa e a sua senhora. O mestre, surpreendido, arregalou os olhos e perguntou o nome do fazendeiro: “Seu Artur”. E o da dona da casa: “Dona Enedina”. E o nome da fazenda: “fazenda Urucu”. O mestre não se fez de rogado e bem que tentou uma quadrinha, mas se engrolou todo no nome da fazenda de rima parecida:

“Ô Seu Artur...

Ô dona Enedina...

Ô peça fina

Na fazenda deram o c...

Depois de a capangada quebrar tudo no cacete, dizem que o mestre do guerreiro ainda hoje corre. Alguém perguntou o que era aquilo. Outro respondeu cuspindo longe: CACHAÇA NO QUENGO!


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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

DUNGA E FREI FARRAPO

DUNGA E FREI FARRAPO
(Clerisvaldo B. Chagas. 15.10.2009)

Quando nos anos 50 dois times competiam nas areias grossas do rio Ipanema, estava tudo embolado. No desenrolar do jogo foi chegando dois caçadores com roupas de caça, isto é, completamente em molambos. Um deles, chamado Geraldo, espingarda à mão, foi logo indagando pelos nomes dos times. Um gaiato que acompanhava o jogo, vulgo Neném, respondeu dizendo com a situação de miséria daqueles trajes: “Olá, Frei Farrapo! Estão jogando “Fofa Bosta” e “Peido Azul”.
Temos um respeito quase patriótico pela seleção brasileira de futebol. Admirador e adepto do sucesso de Dunga, sempre acompanhamos todos os jogos da seleção. Depois de um belo trabalho, lutando até contra o descrédito, o treinador brasileiro classificou e distribuiu imensas alegrias e esperanças para o povo. Acontece que depois de nos acostumar com fraque e cartola, é como se tivesse tido um acesso de desprezo pela seleção que dirige. Todos que vão jogar nas alturas de mais de três mil metros, chegam uma semana antes ou mais. A seleção do Dunga passou o tempo todo na mordomia de granja brasileira, deixando para a última hora do jogo, à subida para os Andes. Seleção para brasileiro é coisa séria. É muito dinheiro e orgulho do povo do Brasil em jogo. Dunga comportou-se como qualquer sem levar em conta nada, como se dissesse que todos perdoariam a sua excentricidade. Foi lá em cima, jogou feio e apanhou bonito. Para homenagear a sua pele por ter classificado a seleção, foi um silêncio total como se no Brasil todos estivessem em porre etílico. Uma vergonha! Não satisfeito com a palhaçada, ainda ficou denegrindo a imagem do árbitro, numa atitude mais vergonhosa ainda (Nem todos estavam bêbados diante da telinha). Foi às alturas sem fraque e sem cartola, só de bermuda de fundilhos rasgados.
Ontem à noite o novo poderoso Dunga, novamente amparado pela classificação antecipada para a copa, fez pior ainda. E não adianta as opiniões contrárias dos grandes do microfone. Ninguém é doido nem cego. Não queremos apenas classificação. Queremos vitórias, vitórias e vitórias, porque temos condições de vitórias. Porque futebol é nossa paixão. Porque o povo paga. Porque a despesa é enorme. Porque o Brasil tem um nome a zelar. Porque não admitimos brincadeiras com coisas sérias. O vexame de Campo Grande, com a pior seleção da América do Sul, foi outra retumbante vergonha nacional. Não sou de andar comentando resultado de time nenhum, mas como brasileiro com direito a berrar e espernear eu tenho. Deus queira que essas duas bermudas rasgadas nos fundilhos não sejam o início do contrário do trabalho brilhante que vinha sendo feito antes. Foi uma verdadeira chacota ao povo brasileiro e, quem não concordar, tem todo direito de pensar ao contrário. Nesses dois jogos finais, nada faltou. Nem os louros da infelicidade em DUNGA E FREI FARRAPO ( o torcedor brasileiro)

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