quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

MEDITE

MEDITE
(Clerisvaldo B. Chagas, 30 de dezembro de 2010)

Nesse final de governo Lula, vamos recordando o dirigente brasileiro mais polêmico da nossa história, que foi Getúlio Vargas. Estamos dentro dos oitenta anos em que o militar tomou conta do poder. E se quisermos entender um pouco da fase depois do império, podemos chamar o período que vai de 1889 a 1930 de primeira república, república do café com leite ou república velha, denominação mais conhecida. É costume dividir essa república velha em duas partes: república da espada (com Deodoro e Floriano) e república oligárquica (com a influência de fazendeiros coronéis). Em 1930 o Brasil entra na chamada Era Vargas através de revolução que assegura Getúlio como presidente provisório. Esse governo provisório durou até 1934, quando Getúlio foi eleito indiretamente pela assembléia constituinte e governou através dessa constituição até 1937. O término do seu mandato estava previsto para 1938, mas em 1937, Getúlio resolveu dar um golpe e passou a governar como ditador até 1945. Essa fase passou a ser chamada de Estado Novo. Devido às agitações que tomaram conta do país, o exército resolveu depor o presidente que não opôs resistência e retirou-se para o Rio Grande do Sul. Assumiu interinamente o presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares. Com essa primeira queda de Getúlio Vargas do poder, tem fim também o chamado Estado Novo. Em 1951, porém, Getúlio volta ao poder presidencial e desta feita eleito democraticamente. De novo com as agitações do país, Getúlio é acossado para deixar o poder e resolve tirar a própria vida em 24 de agosto de 1954.
Getúlio foi polêmico em todas as quatro fases em que governou o país. Amados por uns, odiados por outros, foi manchado de retrocessos e pintado por vitórias importantes. Marcaram suas fases governamentais coisas como golpe de estado, revolta paulista de 32, expansão de doenças como tuberculose, difteria, paralisia infantil, varíola e a sífilis, direitos trabalhistas, Intentona Comunista, ditadura, enfraquecimento do coronelismo, Segunda Guerra Mundial, industrialização e outros acontecimentos importantes. A Era Vargas, também foi a Era do Rádio, dos grandes compositores e cantores que se fizeram eternos no mundo artístico entre 1940 e década de 50.
        Agora, em 2010, deixa à presidência um civil (operário) com dois mandatos sucessivos e uma popularidade de 83%. Lula não quis por em risco a democracia tão duramente conquistada pelo nosso povo e, tão pacificamente como chegou ao planalto, deixa festejando a sua trajetória. Não houve suicídio, trauma nem revolta. São lições que outros governantes latinos bem poderiam aprender como os “TVs” preto e branco da Venezuela e da Bolívia. Um final de ano verdadeiramente democrático para o Brasil e para o Mundo. MEDITE.

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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

OUVIR E COLECIONAR
(Clerisvaldo B. Chagas, 29 de dezembro de 2010)

       A política é uma ciência inexata, volúvel e de mimetismo constante. Não é confiável nem no Brasil nem em qualquer quadrante do mundo. Os amigos de agora são os inimigos do daqui a pouco. Os ferrenhos adversários tornam-se enamorados repentinamente. Raro é um executivo chegar ao fim do mandato em harmonia com seu vice. O vice encomenda o assassinato do gestor para assumir o seu lugar. O gestor silencia o vice que o aborrece. Assim, a bela arte de representar o povo tem seu próprio desvio de conduta por que o poder, o dinheiro e a ambição com frequência andam juntos. Sendo a ambição descomedida uma das fraquezas do homem, surge continuamente convocando outros sentimentos inferiores que se submetem ao seu comando. O primeiro passo do ambicioso descontrolado, ainda acontece em terra firme. Depois o terreno vai ficando pegajoso até virar areia movediça, ocasião em que o indivíduo já não consegue puxar os pés. Nesse ínterim, já estar atolado até o pescoço na podridão que procurou. A corrupção generalizada, o roubo descarado, a traição, perseguições e mesmo assassinatos, entram no sangue como o bom uísque ou outra droga de fim de semana. Uma vez no pântano, o elemento já nem pode mais viver sem a embriaguez do ofício. Foi por isso que disse um francês dessa mesma classe: “Quem não quiser perder a alma, não entre em política”. Mas ainda se conta homens e mulheres decentes nessa difícil arte que veio lá de trás, nos dedos, mas se conta.
       Lemos o que falou um repórter ao afirmar conhecer Dilma de perto e que a tinha entrevistado. Fez seus vaticínios. E se conhece mesmo toda a trajetória da presidenta eleita, tem todo direito, como jornalista e cidadão, emitir seu parecer. Entre suas profecias, estão: a presidenta aceitaria apenas uma vez as indicações de Lula para ministros. Vários deles, os que tiverem dignidade, não aguentarão um ano sob seu comando, por causa de arrogância e humilhações; a presidenta ficará depois, só com os invertebrados que são fracos, capachos, de planos próprios; dentro de dois anos, romperá com Lula e seguirá seu próprio caminho de semi-imperialista. (Os pronunciamentos estão na Internet). Bem, se o jornalista tem tanta certeza do que diz, não temos motivo algum para duvidar. O primeiro parágrafo já diz tudo, embora tenhamos esperanças de ótimas surpresas nesse próximo governo. É aguardar para ver. Pareceu, todavia, precipitada a fala de Lula pedindo voto para Dilma nas eleições de 2014. Ele pode ter muito jogo como mandatário, mas não se conta com as cartas em outras mãos. Lula diz muitas verdades que outros não tem coragem de afirmar, mas de vez em quando diz bobagem que não caberia na boca de um gestor.
       Esses próximos quatro anos no mundo da política, vão transcorrer com um olho em Dilma outro no irrequieto presidente. Muitos pronunciamentos bombásticos e tolos também irão acontecer até o ano da Copa por parte de ambos. É só OUVIR E COLECIONAR.



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