terça-feira, 1 de novembro de 2011

FUMAÇA DA CRISE

FUMAÇA DA CRISE
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de novembro de 2011

Não deixa de ser uma grande humilhação imposta ao povo grego, essa crise que gargalha a dentes escancarados. Para quem já está com a mão no prêmio, mas escorrega no pau de sebo, tremenda frustração penetra pelo umbigo. Esse mundo simples, tornado complexo pelo homem, vai mostrando suas insatisfações como pedrinhas furando, entre a sela e o cavalo da economia. Tontos ficaram os mercados com o anúncio do primeiro-ministro da Grécia. Não querendo tomar a responsabilidade da crise grega, sozinho, o homem resolveu colher a opinião do seu povo. É como perguntar a quem estar apanhando, se estar doendo. Todos estão com medo da resposta do povo, de um calote da Grécia, de um agravamento no chamado nó cego que ninguém sabe ao certo quem diabo aprontou. Quem vive na Grécia com certeza não se sente seguro, temendo pelo seu emprego, pelo presente da sua família e pelo futuro do país. Além das humilhações a que foi submetida até agora, essa nação ainda convive com o fantasma da exclusão do bloco da UE. É muita coisa para um país só.
O pior de tudo para uma Europa rica e aparentemente sólida ─ furada como uma bola por um prego traiçoeiro ─ é o tal efeito dominó que se avizinha. Excluir a Grécia da “zona do euro”, vai adiantar alguma coisa? E se mais outro candidato a Grécia aparecer? E mais outro? E outro mais? De fato, o mundo está de boca aberta, cabelos espetados e bolsas comprando velas. Nem seria surpresa se aqueles humoristas de televisão, convocassem os antigos deuses da mitologia local para uma solução rápida desse problema moderno: Zeus, Hera, Poseidon, Atena, Ares, Deméter, Apolo, Ártemis, Hefesto, Afrodite, Hermes e Dioníso; pelo menos para ajudar o primeiro-ministro Georges Papandreou. A coisa não está ruim somente na Grécia. Todos temem a nuvem preta que vai encorpando a negritude. China e Estados Unidos não vão bem, refletindo forte no todo por serem as duas maiores economias globais. Quando bate o desemprego, bate o descontentamento que forma as rebeliões localizadas e correm como rastilhos de pólvora. As convulsões das sociedades trazem, quase sempre, desastres de grandes proporções.
Chegamos ao dia de finados com a economia mundial combalida, procurando um remédio pronto para uma beberagem urgente. O medo é que ainda não tenha sido fabricada a poção milagrosa que salvará a todos. Torcer a favor da crise europeia é torcer também contra nós mesmos, pois o mundo não tem cercas nem porteiras. Mesmo quem está distante do epicentro, avista com certa facilidade nos céus clarividentes, a sinuosa e dançante FUMAÇA DA CRISE.







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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O DONO DO MUNDO

O DONO DO MUNDO

Clerisvaldo B. Chagas, 1º de novembro de 23011



A Palestina continua sua luta pelo reconhecimento territorial e como uma das nações da ONU. A resolução aprovada pela Conferência Geral foi muito importante até mesmo pelo elástico placar de 107 votos a favor, 52 abstenções e 14 votos contra. Entre estes, foram os Estado Unidos, Israel ─ como já era esperado ─ mais Canadá e Alemanha. O Reino Unido foi um dos que se abstiveram. O grupo dos BRICS votou a favor: Brasil, Rússia, Índia, China  África do Sul e ainda a França que reforçou o tempero. Os Estados Unidos já falaram que lá na frente vai vetar. Ninguém duvida disso! Esse veto não atrairá de maneira nenhuma, algum tipo de simpatia para as suas cores. Acostumados com os aliados que lhes facilitam posições estratégicas, os Estados Unidos continuam cegos às mudanças do mundo. Foi assim que alimentou os ditadores do Oriente Médio, enquanto estes lhes serviam, muitas vezes contrariando mesmo os povos da região. Quando os ditadores úteis caíram em desgraça, o mesmo alimentador puxa a casaca e beija as costuras do avesso. Essas indisfarçáveis mudanças de opiniões, ao invés de aplausos, arrebanham ironia e descrédito de todos, principalmente dos arrepiados com suas atitudes.

Como a Palestina iria ameaçar o esforço de paz na região? Aqui no Nordeste se diz que “isso é conversa mole para boi dormir”. Do jeito que anda a coisa é que não pode continuar. Não tendo outro meio de se valer, o povo palestino apela mesmo para as armas, pois Israel anexou territórios e não quer largá-los. Fez como a própria nação americana anexando terras mexicanas, hoje transformadas, definitivamente, em estados do sul e oeste dos furiosos. Como nação participativa da ONU, ao invés das armas, a Palestina irá fazer suas reivindicações através dos meios civilizados e legais. Assim como foi dado o direito de existir a um estado judeu, a mesma medida pode ser usada para seus adversários. Claro que seria ingenuidade pensar que o problema regional é apenas pelas terras nuas do deserto. A cultura local é diferente da simplicidade que se vê de longe. O espírito religioso, a qualidade de vida, a economia e tantos outros fatores, entre reentrâncias e saliências ─ como diria meu velho e sábio professor Alberto Nepomuceno Agra ─ apimentam o enorme caldeirão da culinária asiática.

A vitória obtida pela Palestina foi importantíssima agora e será mais ainda, na hora do veto americano. Nada continuará como antes, atraindo uma pressão três vezes maior sobre a própria Israel. Melhor para os Estados Unidos, seria juntar-se a opinião da maioria, aprovar o ingresso da Palestina e quem sabe, até ganhar um novo aliado, mesmo indiretamente. Enquanto rola a questão, os americanos esticam cobra de borracha. A permanecer o sistema vassalagem, eles continuarão pensando que o país ainda é O DONO DO MUNDO.



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