sexta-feira, 6 de julho de 2012

LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE (VI)


LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE (VI)
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de julho de 2012.
Crônica Nº 814

Tenente José Joaquim Grande
É sempre difícil falar nossas opiniões sobre o pensamento dos grandes sobre qualquer assunto. Oscar Niemeyer, por exemplo, foi autor de prédios famosos, alguns feios, outros sem ventilação. Mas quem ousa criticar o mestre, como vi em certa revista? Mas também já vi críticas sobre teses absurdas de um grande do cangaço, no próprio espaço virtual dedicado ao tema. Bem, quem escreve é formador de opiniões, cabe aos leitores, como nós aceitar ou não. Com as melhores das intenções, com seu trabalho exaustivo, sério e de fôlego, Arquimedes deixa ao leitor alguns ganchos que não comprometem sua obra. O assunto é vasto e nem sempre o autor dispõe de outras fontes para confronto. Pag. 129: Água Branca, Alagoas, não pertence à região do Pajeú. Págs. 150, 151 e 152: Excelente sobre Frederico Bezerra Maciel. Pag. 228: O peitica também é uma ave do interior (Empidonomus varius) parecido com o Bem-te-vi. Seu canto é considerado de mau augúrio. Págs. 252, 253: Faltando entre os quatro mais importantes combates, o primeiro de Poço Branco, quando Virgolino se firmou para o cangaço. Houve um segundo combate de Poço Branco, logo após o assalto a Água Branca (ver depois detalhes: “Lampião em Alagoas”). Pag. 277: Ótimo, dignidade do tenente alagoano José Joaquim Grande, ao resguardar Volta Seca, mas, Pag. 351, sobre o mesmo tenente, o contrário? O tenente era homem de toda a confiança do comando. Pag. 430: Se os seguidores de Bezerra naquela noite de 27 de julho de 1938, não fossem destemidos, não teriam passado a noite enfrentando o frio terrível e o escuro para enfrentarem o bandido Lampião. Sobre as imundícies praticadas por Panta e outros, é outra coisa: abomináveis. Pag. 445: Nunca vi uma fotografia de Lídia para afirmar que ela era mesmo a mais bonita, pois, pelas fotos vistas, somente “bonita” era o apelido de Maria de Lampião. Aliás, beleza é questão particular de cada um. Pag. 453: O grande e excelente Costa incorporou tanto o tema cangaço, dá inúmeros títulos a Lampião e chega ao absurdo de chamá-lo Herói Nacional, (talvez um Caxias, um Tiradentes, um Plácido de Castro...) essa, com toda vênia, não engulo nem com manteiga. Pag. 455: Foram chefes de Virgolino: Matilde, os Porcino e só depois Sinhô, quando veio o apelido Lampião. Pag. 463: Tentando diminuir o mérito de José Rufino em cercar um paralítico. Quem já viu cobra cascavel paralítica sem veneno? Pag. 484: Lampião, Justiça de Deus: Um absurdo maior do que o paralítico. Essa opinião nem com manteiga e iogurte.
Não sou vaqueiro do cangaço, não sou associado ao movimento, não sou escritor e pesquisador do cangaço, propriamente dito, sou apenas um leitor exigente e como leitor, não me pode ser negado o direito de opinar, certo ou errado. Sobre a parte relativa à Maria Bonita, preferi apenas ler as palavras do Dr. Pedro de Morais, nas citações de Archimedes, bem como os veementes protestos de defesa.
Sobre ridículos, pequenos, médios e grandes escritores do cangaço: Muitos querem colocar Lampião no céu; poucos enfiá-lo no inferno; e pouquíssimos enquadrá-lo no purgatório.
Encerro aqui os meus trabalhos de uma série de seis crônicas sobre a obra de Marques, agradecendo a paciência dos leitores e a confiança do autor. Desejo todo o sucesso do mundo ao pesquisador, delegado, advogado e novo escritor desse tema complexo e de borracha que se chama cangaço. Almejamos, meu amigo Archimedes Marques, outros livros seus na praça, tão bons e gostosos de leitura quanto “Lampião contra o Mata Sete”. Parabéns.

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quinta-feira, 5 de julho de 2012

LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE (V)


LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE (V)
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de julho de 2012.
Crônica Nº 813

Lampião, em barro.
Respondendo ainda ao Capítulo 8 do livro “Lampião contra o Mata Sete”. Zé Lucena criou fama perseguindo bandidos, desde 1918, em Alagoas. Com a revolução de 30 continuou fiel ao governador e acabou preso acusado de desviar dinheiro da Caixa Beneficente da Guarda Civil. Muito sereno, provou sua inocência, foi solto e passou a ser homem de confiança do governador. Assumiu o comando do 2º Batalhão de Polícia com sede em Santana do Ipanema, criado para ser o centro de operações contra cangaceiros. Foi ele quem escolheu seus homens a dedo. Recebeu carta branca contra cangaceiros, ladrões de cavalos, arruaceiros e malfazejos em geral que atormentavam a sociedade. Em Santana incorporou-se ao social fazendo dupla com o padre Bulhões, os dois homens mais prestigiados de todo o interior. Brincava carnaval com os comerciantes locais e participava ativamente de todos os movimentos em prol do progresso de Santana. Foi prefeito dessa cidade, deputado e prefeito de Maceió. Tem razão o juiz Pedro de Morais quando diz em citação de Archimedes na página 186: “(...) Lucena foi um militar probo, valente, e seus feitos de glória honraram a briosa Força Pública das Alagoas, pela retidão de seu caráter, no mister de valoroso guerreiro, cumpridor de seus afazeres. (...). O resto da citação é loucura. Zé Lucena foi um dos mais valentes comandantes do Nordeste à caça de cangaceiros. Deu o prazo de 15 dias para a entrega da cabeça de Virgolino pelas volantes alagoanas e, o prazo foi cumprido.  Quem fala que Lucena era covarde porque matou inúmeros bandidos em cova aberta ou não, ainda não apresentou um nome sequer de algum comandante de polícia ou volante candidato a santo. Estamos aguardando. Esperem mais detalhes do seu caráter logo, logo em “Lampião em Alagoas”.
Lucena hoje é nome da avenida principal da cidade de Santana do Ipanema e do 7º Batalhão de Polícia sediado nessa cidade de cinquenta mil habitantes, “Capital do Sertão” de Alagoas. Zé Lucena sempre reconheceu as estratégias militares de Lampião, pois brigara com ele desde o tempo em que Virgolino era capanga dos Porcino (Antônio, Manuel e Pedro). Por outro lado, Lampião tinha um cuidado especial com Lucena, pois já provara da sua coragem e ferocidade nos combates. Desafiar Lucena não era tarefa para qualquer um, tanto que após a instalação do Batalhão em Santana, Virgolino nunca mais ali passou por perto. Querer tirar os méritos do morto Lucena, é querer fazer o que o juiz Pedro de Morais quer fazer com Lampião.
(Amanhã encerraremos nossos comentários (série de 6 crônicas) a respeito do livro “Lampião contra o mata Sete”, do bem-vindo escritor, delegado e advogado Archimedes Marques).

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