domingo, 22 de março de 2015

PREPARANDO OS BORNAIS



PREPARANDO OS BORNAIS
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de março de 2015
Crônica Nº 1.392

Grupo Sertão Sertão. Foto (Clerisvaldo).
À medida que a onda verde vai se espalhando pelo planeta, grupos e mais grupos de pessoas vão procurando o contato com a Natureza. Não existe mais idade e nem sexo como obstáculos importantes para esse novo despertar. Aumentam-se por todos os lugares as caminhadas, o ciclismo, o mergulho e muito mais passatempos, lazer e hábitos saudáveis. O homem vai se conscientizando que é preciso conhecer e preservar.
Diante dessa nova mentalidade foi que tivemos a satisfação em saber de uma bela caminhada em programação no sertão de Alagoas. Trata-se de uma boa subida pelo curso d’água, seco, Riacho Grande que banha a cidade de Senador Rui Palmeira. A referida caminhada será de trás para frente, ou seja, com os participantes iniciando a incursão penetrando pela foz do Riacho Grande que desemboca nas imediações de Pão de Açúcar, cidade ribeirinha do rio São Francisco. A caminhada entre o Alto Sertão e o Sertão do São Francisco, por certo será cheia de emoções. A área escolhida representa um vale, geograficamente, esquecido pelos estudiosos e que ajudou os primeiros desbravadores brancos no povoamento dessa parte sertaneja.
Segundo a ideia do ex-bancário Enaldo (atualmente prestando serviços à prefeitura de Santana do Ipanema) a subida pelo riacho que tem calha considerável, será até sua propriedade rural que possui reserva de caatinga entre Santana e Senador.
Como a nossa conversa foi rápida, estarei colhendo outros detalhes sobre essa nova aventura que promete e que me acho estimulado pelo convite. Sinto o cheiro de queijo e rapadura nos bornais das caminhadas antecedentes.
Não deu tempo também indagar ao agropecuarista Enaldo, quantos bois serão sacrificados após a chegada dos caminhantes em sua fazenda ecológica. Ele também não disse quantas horas vai haver de forró com sanfona pé de bode, triângulo e zabumba. Por enquanto, vamos se espelhando no “Ipanema, um rio macho”.


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quinta-feira, 19 de março de 2015

CANAPI, REBOLADO E O MATADOR



CANAPI, REBOLADO E O MATADOR
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de março de 2015
Crônica Nº 1.391

Fomos escalados para dá suporte a uma turma de pesquisadores de Maceió, em Canapi. Pessoal novato, jovens que nunca estiveram no semiárido, ganhando bem, eles iam trabalhando e se deliciando com as coisas do sertão. Juntamo-nos a eles. Notamos que o que mais causava prazer a essa turma, era comer passarinho torrado no óleo. Não era só rolinha, não. Era tudo que enfeitava os ares. Não havia ainda esses movimentos ecológicos de agora. Na ponta da rua, do lado esquerdo de quem chegava do entroncamento Carié, havia um barzinho que nem prateleira tinha. Os cabras descobriram ali que o dono prestava esse serviço e, era um devorar de passarinho que não tinha fim; até gavião (que come cobra) mastiguei com eles e achei bom.
Na outra ponta da rua que seguia para Mata Grande, havia uma fábrica de queijo. Mas a fábrica não conseguia atrair os jovens que preferiam o barzinho miserável no pé de um lajeiro.
Dali mesmo, nessa ou em outra ocasião, ainda no município de Canapi, fomos pesquisar em um lugar chamado Pilão do Gato. Entramos por um sítio chamado Baixa do Milho e fomos sair bem pertinho da divisa com Pernambuco. Ali tinha sido o lugar do primeiro tiroteio de Virgolino com a polícia, antes mesmo do apelido Lampião. No meio de tantos caboclos sertanejos semelhantes, surpreendi-me com uma bela fazenda muita plana e bem cuidada, dominada por homens brancos, altos, fortes e de olhos verdes.
Era como se de repente houvéssemos entrado no estrangeiro.
Havia um rapazinho gorducho apelidado pelos da fazenda de “Rebolado”. Coloquei o estranho apelido na cabeça.
Anos e anos mais tarde, escrevendo meu segundo romance, “Defunto Perfumado”, precisava de um nome ou apelido para um personagem negro, matador de aluguel. Quebrando e quebrando a cabeça, solucionei o caso. Fui buscar o vulgo do rapazinho de Canapi, sítio Pilão do Gato, “Rebolado”, que estava armazenado na cabeça e carimbei meu personagem.
Nunca mais andei para aquelas bandas. Não sei como está o sítio Pilão do Gato e nem se o rapazinho é vivo, mas imaginem a surpresa se eu fosse visitá-lo, contasse a história para ele e lhe mostrasse o personagem!
Canapi também participa de minha história de vida real e dos meus
romances. Saudade daquela terra
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