quinta-feira, 30 de março de 2017

NOTÍCIAS SERTANEJAS



NOTÍCIAS SERTANEJAS
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de março de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.655

Planejamento na Escola Helena Braga. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas. 30.03.17).
Tudo começou com a falta de energia na madrugada da quarta para a quinta. O calor sufocante, mesmo às três horas, não deixou mais ninguém dormir no meu sertão velho de guerra. E as velas, tão fraquinhas que pareciam caducas, nem mesmo chegaram ao fim. Pequenas borboletas, novo tipo de safra por aqui, rondando e disputando a luz capenga. Uma ameaça para os ouvidos. E o camarada sem poder fazer mais nada, fica aguardando uma muriçoca ou outra a lhe atanazar no escuro. De repente se ouve o ronco do trovão, lá longe por esse céu sem fim. Grande é o desejo, comadre, de sentir novamente a luz do dia. E você fica dando plantão deixando escorrer o suor até que as quatro a energia retorna.
Pela manhã correm as notícias de boca em boca nas terras sertanejas: Foi muita chuva na região de Canapi, Maravilha, Capiá da Igrejinha e por esse mundo todo. Falam de barreiros cheios e açudes com reforço. Todos se alegram no semiárido. Se não choveu aqui, mas choveu acolá, diante da seca braba que vem engolindo o estado de Alagoas.
E nós, na Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, pela manhã desta quinta fazendo projeto de visita à RPPN Reserva Tocaia. Mas a Reserva está tão seca que faz pena. Parece que Deus ouviu nossos lamentos e logo à tarde, das três às quatro horas, o velho trovão também surgiu nos céus de Santana do Ipanema e andou assustando a cidade quando um pé-d’água calibrado fez a festa nordestina. Esperamos agora quando da visita de professores e alunos na Reserva, que a vegetação já esteja verde e os passarinhos possam nos saudar com mais inspiração.
Por aqui, choveu antes do dia de São José e agora o mesmo santo entrega o seu mês a abril com esperanças de final da longa estiagem. Muita gente correu para dentro dos quartos trancando as portas com um medo triste do regougar novidade. Mas após o toró, cabeças contemplavam a Natureza, ordenavam o dedo para cima e exclamavam olhando para os céus: “Valeu, Pedrinho, é isso aí”.


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terça-feira, 28 de março de 2017

VOA SABIÁ



VOA SABIÁ
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de março de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
“Crônica” 1.654

SABIÁ. Ilustração (Alberto Vilas).
Vamos brindar os leitores com o mais recente gênero introduzido na Cantoria de Viola Nordestina: Voa Sabiá. Após cada estrofe improvisada de oito linhas (oito versos) por um dos cantadores, ambos cantam juntos o refrão: Voa sabiá/do galho da laranjeira/que a bala da baladeira/vem zoando pelo ar. Esse gênero veio animar muito as pelejas, o povo se balança com a melodia e canta o refrão com os cantadores. Improvisando:

Lá na fazenda
Logo cedo da manhã
Passa alegre a jaçanã
O azulão vem cantar
O Bem-te-vi
Sempre considerarei
Mas o sabiá é rei
Ninguém pode lhe açoitar

Voa sabiá
Do galho da laranjeira
Que a bala da baladeira
Vem zoando pelo ar
(Bis)

O meu amor
Vem esquentar minha cama
O perfume se derrama
Na penumbra do lugar
A madrugada
Corre nos becos da rua
Eu despido e ela nua
Deixo o amor dominar

Voa sabiá
Do galho da laranjeira
Que a bala da baladeira
Vem zoando pelo ar
(Bis)

No meu sertão
A seca acaba com tudo
Deixa o vaqueiro mudo
Só a sede pra matar
O gado berra
Com fome detrás do morro
Os latidos do cachorro
Fazem seu dono chorar

Voa sabiá
Do galho da laranjeira
Que a bala da baladeira
Vem zoando pelo ar
(Bis)

O Brasil joga
Vamos ver um grande embate
Deus me livre de empate
Deixe meu Brasil jogar
Vou ver o jogo
Hoje Paraguai apanha
Com inteligência e manha
Dos golaços de Neymar

Voa sabiá
Do galho da laranjeira
Que a bala da baladeira
Vem zoando pelo ar
(Bis).














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