terça-feira, 12 de junho de 2018

PAU DE ARARA


PAU DE ARARA
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1921
 
(FOTO: CONVERSA AFIADA)
            “O principal meio de transporte utilizado pelo homem para escapar das paragens comburidas pelo sol intenso, era, antigamente, a caminhada exaustiva, sobretudo para os mais pobres. Hoje em dia, com o advento do caminhão, os habitantes utilizaram-nos na sua fuga e, em consequência desse novo estado social, são denominados de “paus de arara”, dada a analogia entre eles e as araras e papagaios do Sertão, que vemos voejando em torno da galhardia contorcida da vegetação local, fazendo aquele característico alarido; e como os sertanejos emigram nestes, aos magotes, a observação popular comparou-os com aqueles psitacídeos, dando, ainda outro significado à palavra – o pauperismo dos que mais sofrem o rigor das secas.
Notamos que ainda não está definida, nem vitoriosa a ação do Governo contra a seca, pois os açudes que se espalham em Alagoas e no Nordeste em geral, favorecem, apenas, a pequenos grupos populacionais. Além desse aspecto desfavorável, muitos secam, necessitando-se, por conseguinte, do desenvolvimento de um plano mais objetivo de trabalho – perfurações de poços tubulares e instalação de uma rede de irrigação capaz de favorecer o reflorestamento de muitas áreas. Somente assim tornar-se-á uma realidade, como consequência lógica e natural, a fixação do Homem no Polígono das Secas”.
Lendo este belo texto, publicado no livro Geografia de Alagoas (1965), do professor Ivan Fernandes Lima, lembramos o trabalho que estamos realizando sobre os topônimos dos nossos sítios. Discordamos, porém, do saudoso Mestre quanto à origem do apelido ainda em uso: pau de arara.
Em nossa opinião, O vulgo faz analogia às araras e papagaios vendidos em um pau. No caso do caminhão, compara-se ao modo do acomodamento dos passageiros sentados em tábuas horizontais, intercaladas e presas às grades da carroceria. E concordando com Ivan, Para a época, o caminhão representava o progresso e salvou milhares de pessoas nordestinas, da fome e da morte, mesmo sendo apontadas como paus de arara.

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segunda-feira, 11 de junho de 2018

CACETE NOS ÍNDIOS


CACETE NOS ÍNDIOS
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de junho de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.920
 
ÍNDIOS REIVINDICAM. (FOTO: TRIBUNA/CORTESIA).
Vejamos uma notícia de Palmeira dos Índios, a “Princesa do Agreste”, em Alagoas. A reportagem é do site Tribuna de Alagoas, matéria de ontem (11):
“Os índios da aldeia Mãe Serra Capela estão neste momento na sede da Secretaria de Estado da educação (Seduc) reivindicando mais uma vez a construção da Escola Estadual Indígena Cacique Alfredo Celestino.
De acordo com o povo indígena Wakonã Xucuru Kariri, há 15 anos que o estado não cumpriu com a estrutura física solicitada.
‘Temos mais de 300 alunos indígenas distribuídos nos três turnos. Eles estudam de maneira improvisada, em vários locais espalhados pela própria comunidade. Essa situação vem se arrastando ao longo desses anos’, conta um representante da aldeia”.
A situação em Palmeira dos Índios é repetitiva em todos os estados da federação. Pense como sofrem brancos e negros na luta por um simples posto de saúde ou uma escola decente em suas comunidades. E se brancos e negros padecem desse mal, quanto mais os indígenas que são mais isolados em aldeias. Os quilombolas, isto é, os descendentes de escravos negros, também são os últimos no recebimento de benefícios governamentais. Todos nós brasileiros sabemos para onde vai o dinheiro de imposto do cidadão. E os pontos mais vulneráveis da sociedade vão alimentando os ladrões de gravata que sempre se aperfeiçoam nos dribles garrinchianos da corrupção. No caso de quilombolas e indígenas, estão sempre nos poços das precisões.
Os indígenas de Palmeira dos Índios arrasaram na novela da Rede Globo em cenas no Velho Chico. E se nota máxima fosse à nota mil, eles mereceram muito mais do que isso, quando emocionaram a plateia brasileira através da telinha. Pareciam atores verdadeiros e bem treinados. Ah, só por isso já mereciam essa escola para 300 alunos que reivindicam há 15 anos, quanto mais por outras e outras coisas que honram a “Princesa do Agreste”. Esperamos que o governo do estado se sensibilize com o pedido do povo Wakonã Xucuru Kariri e construa sua escola. Será que é precisa fazer aniversário tal o rabo do jumento de Santana do Ipanema?
É complicado...



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