quinta-feira, 12 de março de 2020

TACANDO FUMO NOS CABRAS



TACANDO FUMO NOS CABRAS
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de março de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.273
LUÍS, AO CENTRO. (FOTO: B. CHAGAS).

Estive na casa do senhor Luís Soares Filho em manhã de domingo de 2 de abril de 2006, localidade Aterro. Fiz uma entrevista com o popular Luís Fumeiro, então, com 83 anos de idade. O homem que era feirante, negociava com fumo de rolo vindo de Arapiraca. Era comum encontrá-lo aos sábados na Feira do Fumo, primeiro entre o “prédio do meio da rua” e o “sobrado do meio da rua”, depois, defronte ao Mercado Público e finalmente por trás da Rua Ministro José Américo. A entrevista completa está no livro inédito: “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”. O entrevistado parecia ansioso e fez o seu desabafo, ainda com uma lucidez impressionante.
Foi ele quem fundou a Avenida Nossa Senhora de Fátima (via da Câmara de Vereadores), com cinco casas. Foi ele também quem fundou o time de futebol Ipiranga, que se tornou o principal adversário do Ipanema, por longos anos. Luís dá detalhes de tudo. Ainda foi ele quem fundou a rua do antigo Aterro, onde morava na época da entrevista; rua que faz parte da BR-316 e desafoga o trânsito de Santana do Ipanema. Da última metade do século XX, o bloco carnavalesco “Os cangaceiros” foi um dos mais famosos de nossa folia. Também foi Luís Soares o seu fundador que gastava muito dinheiro em carnavais e pastoris. O time do Ipiranga sempre foi sustentado por ele e não pedia ajuda a ninguém. Todos os anos o fumeiro fazia uma casa para vender e aplicar a verba no Ipiranga.
Pessoa pacata e empreendedora, morava com a mãe – senhora   de idade avançada – na rua onde atualmente funciona a popular empresa ROBRAC. Quase defronte. Vez em quando eu lhe fazia uma visita em sua casa para ouvir suas ideias. Outras vezes as visitas eram feitas à sua própria banca de feireiro, onde o encontrava animado, mas sempre com alguma sombra de preocupação nos gestos. A feira específica foi migrando em diversas gestões municipais, mas nunca neguei a minha presença à banca do fundador e dono do Ipiranga. Luís faz parte muito forte da história do nosso município.
Sempre que eu chegava à sua banca, a saudação e a resposta eram quase sempre as mesmas: “Diga aí, amigo, o que estar fazendo?”.
E Luís, entre a ironia e a tristeza: “Tacando fumo nos cabras”.











Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2020/03/tacando-fumo-nos-cabras.html

quarta-feira, 11 de março de 2020

PROFESSORES: OS PIONEIROS


PROFESSORES: OS PIONEIROS
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de março de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.272



Nasceu Enéas Augusto Araújo Rodrigues em Santana do Ipanema, em 23 de setembro de 1856. Foi o primeiro professor da cidade, juntamente com sua esposa Maria Joaquina de Araújo, ainda no tempo de vila. Maria era natural de Águas Belas, Pernambuco. Conheceram-se em Maceió, em curso de Magistério, casaram-se e abriram escola em Santana. O professor cuidava dos meninos, Joaquina ensinava as meninas. A escola funcionava  na casa do próprio Enéas, localizada no Centro Comercial, onde funcionou posteriormente o Banco da Produção do Estado de Alagoas (PRODUBAN) e após, o Banco do Nordeste. Essa escola somente deixou de existir, com o falecimento do professor Enéas de Araújo em 1914. Morrera durante tratamento que fazia na cidade de Garanhuns, contando com 56 anos de idade.
Com a morte do esposo, a professora Maria Joaquina de Araújo mudou-se para Maceió em 15 de janeiro de 1915. Sua morte aconteceu aos 74 anos e 9 meses de idade, em 26 de dezembro de 1934.F
O professor foi deputado e senador o que no geral soma cerca de 11mandatos sucessivos. Era descendente de um dos fundadores de Santana e exercera a função de chefe político por 18 anos. Pertenceu a Guarda Nacional onde recebeu o título de coronel. Ficou conhecido como “coronel Enéas”, “senador Enéas Araújo” e “professor Enéas”. É homenageado duas vezes em Santana: A humilde via iniciada pelo comerciante José Quirino (Rua José Quirino) passou a ser Rua Prof. Enéas. E o largo do comércio onde morava recebeu o título de Praça Senador Enéas Araújo.
O trajeto desse grande homem santanense ficaria perdido se não fosse o pequeno livro escrito pelo seu neto, escritor Floro de Araújo Melo: “Senador Enéas Augusto Rodrigues de Araújo, meu avô”. Foi publicado em 1984 pela Editora Borsoi, Rio de Janeiro. O livro de 49 páginas representa uma relíquia para a história de Santana do Ipanema, especialmente nas áreas educacional e política.
* Joaquina e Enéas (Crédito: Floro Araújo).




Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2020/03/professores-os-pioneiros.html