terça-feira, 29 de junho de 2021

 

ADEUS JUNHO

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de junho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.565

 

Chegamos ao final do mês tão querido de junho. Mês de um significado especial para os sertões nordestinos. Podemos afirmar que foram dois meses seguidos de clima bastante agradável para a zona rural detentora da nossa alimentação. Tanto maio, o mês de Maria foi um presente para o campo, quanto junho que soube temperar bem a parte de inverno que lhe cabia. Mesmo com os poucos festejos presenciais, eles não morrem por aí porque o inverno prossegue e a produção do campo se consolida. Tá certo que as comemorações foram acanhadas, porém, não poderia ter sido de outra maneira. Milhares perderam seus entes queridos pela COVID, deixando o respeito aos que partiram em primeiro lugar. Mas que a Natureza foi generosa com o campo, foi. Bem, pelo menos aqui no sertão das Alagoas.

Na parte social houve muitas realizações boas por parte do governo estadual, mas também inúmeras coisas lamentáveis, cuja Pandemia não é desculpa consistente. Assassinatos diversos em várias regiões do estado, assaltos sem conta na zona rural Sertaneja e também Agrestina, intensificação de estupros, principalmente tendo padrastos como protagonistas. Muitas dessas coisas péssimas têm a droga como causas, porém a própria índole do indivíduo se sobrepõe a droga que atingiu a zona rural com intensidade em todos os rincões. Infelizmente não existe mais aquele famigerado sossego do campo como se falava antigamente. A praga da droga antecedeu a praga da COVID 19. Vagar sozinho pelos campos é novo sinal de heroísmo.

Porém, nada tira o mérito tradicional de mês de junho, nada. Se você não comeu pamonha, canjica ou milho assado, pode aguardar o mês de julho que ainda vem por aí bastante produção da roça para as feiras da Agricultura Familiar e mesmo o despejo do milho em pontos conhecidos da sua cidade. Difícil está a avaliação do preço desses produtos, cremos, porém, que com a chegada de novas safras, o desejo de todos os consumidores será saciado.

Ontem, apesar da proibição, muitos fogos cruzaram os ares de Santana do Ipanema, principalmente na periferia. Foguetes, busca-pés e bombas de pouco impacto, comemoraram os últimos dias de junho, com São Pedro. Sentido Adeus Junho.

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SÃO PEDRO (DIVULGAÇÃO GLOBO).

 

 

 


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segunda-feira, 28 de junho de 2021

 

SECA BRABA

Clerisvaldo B, Chagas, 29 de junho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.564

 

Em 1970 o sertão enfrentava uma das maiores secas já vistas por aqui. Era início de gestão do Dr. Henaldo Bulhões Barros, que recebeu esse impacto desolador. Lembramos que, mesmo nesse ano de seca braba, inúmeras carretas do Rio Grande do Sul e de outros estados, estacionavam lotadas de feijão, na Praça Manoel Rodrigues da Rocha. O vento soprava quente, caíam alguns grãos no calçamento, o que era avidamente catados por mulheres famintas, vítimas da rigorosa estiagem. As carretas vinham comprar feijão em Santana do Ipanema e Riacho Grande (Senador Rui Palmeira, os dois grandes produtores regionais. Mas como explicar tanto feijão em plena seca?

É que a década de 60 tivera uma sucessão de bons invernos até 1969 que parecia nunca ter existido seca alguma. A década estava tão boa que os criadores deixaram de plantar palma forrageira e passaram a plantar capim, muito mais ligeiro de corte. Foi a produção dessa década que assegurou o feijão estocado para a venda do ano 1970. Mesmo assim, o Dr. Henaldo Bulhões tratou de sinalizar e embelezar a cidade. O nosso teatro, fundado na época teve sua importante ajuda na estrutura física. Foi o Dr. Henaldo quem forneceu mão de obra de carpinteiro (Antônio d’Arca) e eletricista (José da COHAB) para montar a estrutura no auditório do Ginásio Santana. Comandado por Albertina Agra e Clerisvaldo B. Chagas, surgiu assim o 40 teatro de Santana do Ipanema, Teatro de Amadores Augusto Almeida, com 16 componentes, daí a equipe ter sido chamada Equipe XVI. Um sol muito bonito representava a luz da cultura na sociedade.

E vamos comparando as dificuldades da época com as facilidades administrativas de hoje, onde não faltam verbas para os diversos empreendimentos das gestões municipais. Porém, mesmo com o massacre da seca de 70, foi possível vermos a transformação da cidade, provando que não têm mais desculpas quando o gestor quer trabalhar. Foi assim que Santana passou a ter inúmeras placas indicativas aos lugares como museu, biblioteca, Câmara de Vereadores, saídas da cidade e ainda lixeiras distribuídas na posteação e campanha de limpeza.  Esperamos nunca mais termos que enfrentar seca braba, embora a estrutura da resistência esteja muito mais consolidada. Maravilha de mês de junho!

ASPECTO DA SECA NORDESINA (FOTO:  g1.globo.com).

 

 

 


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