SECA
BRABA
Clerisvaldo
B, Chagas, 29 de junho de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.564
Em 1970 o sertão
enfrentava uma das maiores secas já vistas por aqui. Era início de gestão do Dr.
Henaldo Bulhões Barros, que recebeu esse impacto desolador. Lembramos que,
mesmo nesse ano de seca braba, inúmeras carretas do Rio Grande do Sul e de
outros estados, estacionavam lotadas de feijão, na Praça Manoel Rodrigues da
Rocha. O vento soprava quente, caíam alguns grãos no calçamento, o que era
avidamente catados por mulheres famintas, vítimas da rigorosa estiagem. As
carretas vinham comprar feijão em Santana do Ipanema e Riacho Grande (Senador
Rui Palmeira, os dois grandes produtores regionais. Mas como explicar tanto feijão
em plena seca?
É que a década de 60
tivera uma sucessão de bons invernos até 1969 que parecia nunca ter existido
seca alguma. A década estava tão boa que os criadores deixaram de plantar palma
forrageira e passaram a plantar capim, muito mais ligeiro de corte. Foi a
produção dessa década que assegurou o feijão estocado para a venda do ano 1970.
Mesmo assim, o Dr. Henaldo Bulhões tratou de sinalizar e embelezar a cidade. O
nosso teatro, fundado na época teve sua importante ajuda na estrutura física.
Foi o Dr. Henaldo quem forneceu mão de obra de carpinteiro (Antônio d’Arca) e
eletricista (José da COHAB) para montar a estrutura no auditório do Ginásio
Santana. Comandado por Albertina Agra e Clerisvaldo B. Chagas, surgiu assim o 40
teatro de Santana do Ipanema, Teatro de Amadores Augusto Almeida, com 16
componentes, daí a equipe ter sido chamada Equipe XVI. Um sol muito bonito
representava a luz da cultura na sociedade.
E vamos comparando as
dificuldades da época com as facilidades administrativas de hoje, onde não
faltam verbas para os diversos empreendimentos das gestões municipais. Porém,
mesmo com o massacre da seca de 70, foi possível vermos a transformação da
cidade, provando que não têm mais desculpas quando o gestor quer trabalhar. Foi
assim que Santana passou a ter inúmeras placas indicativas aos lugares como
museu, biblioteca, Câmara de Vereadores, saídas da cidade e ainda lixeiras
distribuídas na posteação e campanha de limpeza. Esperamos nunca mais termos que enfrentar
seca braba, embora a estrutura da resistência esteja muito mais consolidada.
Maravilha de mês de junho!
ASPECTO DA SECA
NORDESINA (FOTO: g1.globo.com).
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