quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

 

VIVA OLIVENÇA!

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de janeiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.637



 

Voltamos a falar da rodovia sertaneja Olivença – Batalha. Atualmente para sair de Olivença para a cidade de Batalha é preciso, se for pelo asfalto, rodear por Olho d’Água das Flores, Monteirópolis e Jacaré dos Homens. Mas existe uma estrada de terra que chega a Batalha, por dentro. Um atalho que é apenas um pulo. Pois bem, prometida pelo governo estadual o seu asfaltamento, ano passado, agora o tema volta com toda força possível. É anunciada a ordem de serviço para o aniversário da cidade, no próximo mês de fevereiro. O anúncio foi feito pelo seu prefeito e o deputado federal Isnaldo Bulhões, relativo à comunicação com o governador Renan Filho, noticiam sites da terra. Assim sendo está bem pertinho esta grande vitória oliventina e do médio sertão como um todo.

Agora todos os caminhos da Bacia Leiteira se entrelaçarão, permitindo um intercâmbio supimpa pelos caminhos do leite. E Olivença que sempre foi parceira de Major Izidoro, integrar-se-á fortemente àquele município rei da agropecuária. Novos investimentos no progresso da antiga Capim, poderão ocorrer com o benefício do asfalto e, Olivença que não para de crescer alcançará com certeza a mesma fama do criatório do triângulo do leite Major Izidoro, Batalha e Jacaré dos Homens. Todos serão beneficiados, principalmente naquela grande área que engloba também Jaramataia, Belo Monte, Monteirópolis, Palestina e Até Pão de Açúcar. O importante é que o mundo esteja todo furado de estradas negras de piche do progresso.

Qual é a cidade que não gostaria de receber um presente deste na sua emancipação! É bem verdade que não podemos mais viver no sertão atrasado. E a era do “grande sertão veredas” está ficando longe, tão longe que as novas gerações sertanejas nem lembram do atraso que cegava seus habitantes. Não é mais o tempo em que foi invadida por Lampião que de quebra ainda quis ocupar sua vizinha Major Izidoro, então Sertãozinho. Ao passar ali com destino a um dos seus povoados, fiquei surpreendido com sua expansão territorial. O oliventino deve estar feliz assim como o santanense estava quando chegou à cidade o asfalto pela AL-220. Vamos ficar viciados com o desenvolvimento sertanejo e jamais chorar o cangaço das vacas mortas nos aceiros e nas estradas carroçáveis.

Viva Olivença!

OLIVENÇA (FOTO DIVULGAÇÃO)

 

 

 


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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

 

 

O OURIVES

Clerisvaldo B. Chagas, 5/6 de janeiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.636

 

Já dissemos que a Rua Antônio Tavares foi a primeira de Santana do Ipanema, após o quadro comercial. Apelidamos a via de Rua dos Artesãos, pois havia inúmeros deles. Artesãos que trabalhavam fazendo candeeiros, bicas (calha), sapatos, selas, sofás, colchões, malas, capotas... E assim, sucessivamente. Certa feita chegou à rua um preto alto e caladão e se estabeleceu na parte baixa, primeiro trecho da rua de quem vem do comércio. Logo ficamos sabendo seu negócio: trabalhava com ouro. O ourives logo demonstrou que entendia profundamente da arte, conquistando bela freguesia. Era um mestre! Fabricava várias peças de ouro, mas era muito procurado para confecções de alianças, cada uma mais perfeita do que a outra. Naturalmente ensinava o ofício aos filhos e um deles acompanhou fielmente a arte do pai: O cidadão Maurílio.

Um dos filhos do ourives dedicou-se ao futebol. Era muito bom de bola e chegou a jogar no Ipiranga. Parece que não tinha muita afinidade com a arte do pai. Minhas alianças de casamento saíram daquelas mãos bem treinadas. No desenrolar da vida, a família mudou-se de Santana.  Há bem pouco tempo parei de súbito em Maceió, na Rua Senador Mendonça ao reconhecer o artesão da minha juventude, Maurílio Ourives. Era ele sim: Preto comprido e fino, do mesmo jeito do passado.  Não ousei me apresentar e puxar conversa. Conversa para quê? O homem era sisudo igual ao genitor, poderia não querer saber de conversa. Uma placa indicava onde era o seu atelier. Maceió foi quem ganhou incorporando ao seu cotidiano, um artesão de altíssima qualidade.

É isso que os alunos gostam e aprendem no extraclasse. Visitar uma indústria grande ou simplesmente uma fabriqueta. Entrevistar um artesão demostrando sua arte, um museu, uma organização social... No caso do ourives que poderia ser um, quanto interesse despertaria no jovem com o encanto do trabalho! Poderia até depois querer seguir a mesma carreira do artesão ou entrar no ramo das joias ou no comércio das pedras preciosas. Isso foi o que conversamos ontem com amigos em visita. Uma avaliação da prática no ensino antigo e monótono de apenas entre quatro paredes. Pois o exemplo de hoje vai para o amigo Maurílio: brincos, anéis, alianças... A vida é uma joia animada.

Viva a vida!

Assim seja.


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