quarta-feira, 4 de março de 2020

SANTANA DO IPANEMA: A VOLTA DO NEGRÃO


SANTANA DO IPANEMA: A VOLTA DO NEGRÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 5 de março de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.268
NA RUA SANTA SOFIA. (CRÉDITO: JEAN SOUZA).

Quando o trabalho de asfaltamento das ruas de Santana do Ipanema, Alagoas, foi interrompido há vários meses, uma frustração profunda tomou conta do povo santanense. Anunciado com tanto entusiasmo, o Projeto deixou “sem chão”, até mesmo os correligionários do atual gestor. Muitas especulações tomaram conta da cidade e não poderia ter sido diferente. Ruas e avenidas importantes de Santana haviam ficado apenas com um gosto acre, distante, de futuro indefinido. Passados, porém, tantos e tantos meses de agruras, eis que o citado Projeto está de volta, novamente gerando perspectivas.  Temos como exemplos a Rua Santa Sofia, Delmiro Gouveia, Av. Castelo Branco e outras vias que podem desafogar o trânsito pela apertada Rua Pedro Brandão.
O Projeto recomeçou no dia 2 de março, segundo comentários, pela Rua Santa Sofia, espinha dorsal do Bairro Lajeiro Grande. (rua do Estádio Arnon de Mello, do Cemitério, da escola Santa Sofia. Uma saída para a cidade pernambucana de Águas Belas e sítios da região serrana do município. Tido como segunda beneficiada, a Rua Delmiro Gouveia (rua dos restaurantes), leva até ao Corpo de Bombeiros e para a saída de outras cidades do Oeste. É uma das maiores da urbe. Foi renovada a fé interrompida da “Rainha do Sertão”, pois todo santanense almeja uma cidade ornada, bela e atraente como deve ser a capital do semiárido alagoano. Voltam a sorrir situação e oposição porque os benefícios gerais falam muito mais alto do que um simples toque de partido.
O trabalho de volta está a pleno vapor. Quanto as ruas em que o negrão (asfalto) melará de piche, particularmente, ficarão alegres, felizes e vibrantes. São apenas 18 km da tinta preta que serão espalhadas por aí. E como a cidade se expande rapidamente, muitas vias não conseguirão o privilégio modernizador. Não sabemos de perto os critérios que serão utilizados. Deve haver o geográfico, a necessidade específica e os acordos de pé de orelha entre os políticos, coisa que dificilmente não existe. Mesmo assim, o asfalto tem o poder de tudo transformar, valorizar, embelezar e impulsionar o progresso. Onde tiver asfalto terá novos e surpreendentes empreendimentos.
Novamente parabéns ao povo santanense e ao Sertão em geral.
O gestor municipal voltou ao front das vias públicas.
Seja bem chegado, NEGRÃO.


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terça-feira, 3 de março de 2020

SANTANA, CARNAVAL E PÃO DE LÓ


SANTANA, CARNAVAL E PÃO DE LÓ
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de fevereiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.267
Casarão do padre Bulhões, poucos dias antes da demolição
(Foto: B. Chagas/Livro 230)

Nem é por ser uma recordação, pois sequer vivenciamos a época, mas registros históricos. Os blocos que saíam nos Carnavais santanenses, em geral, contavam antecipadamente com seus pontos de apoio. Percorriam as ruas e paravam defronte as casas de políticos e outros influentes da cidade. Em dois lugares sempre encontravam guarida e convite para entrada. Um deles era o casarão do riquíssimo coronel Manoel Rodrigues da Rocha, situado em pleno centro comercial. Subiam os degraus de madeira até o primeiro andar, dançavam, bebiam e comiam no salão de luxo, para deleite do coronel. O abastado fazendeiro, industrial, comerciante, e coronel da Guarda Nacional, tinha o maior prazer em receber qualquer um dos blocos que almejasse subir sua escadaria.
O outro ponto marcante era também o térreo casarão do padre Bulhões, localizado à margem direita da foz do riacho Camoxinga. Bem recebidos pelo sacerdote, esses blocos carnavalescos terminavam comendo como tira-gosto, o pão de ló fabricado com bastante esmero pelas irmãs de Bulhões. O padre, considerado muito austero, tinha um coração de ouro. Não recusava bloco carnavalesco e nem viajante para com ele almoçar. Estamos falando de uma época em que Santana nem era cidade ainda. A ligação entre o Centro e o bairro com o mesmo nome do riacho, ainda era ponte de madeira e, de vez em quando levada pelas cheias perigosas. Os Carnavais dos anos vinte e trinta, não teriam grande diferença da Folia de vila.
O Carnaval constava de blocos, bandos de caretas e um ou outro folião solitário com resumida fantasia. Havia blocos femininos muito bem organizados. Como sinal de prestígio, os políticos também preparavam a comilança em casa para a visita dos blocos. Os bandos de caretas não entravam na casa de ninguém e raramente acompanhavam um bloco. E se acompanhavam era por um tempo mínimo. Em alguns lugares do Nordeste, os mascarados caretas também são chamados de bobos ou papa-angu. Para impor medo e respeito, cada um conduz um relho de couro com ponteira na extremidade, estalando-o vez em quando e fazendo menção de correr atrás de meninos e adolescentes.
Era mais ou menos assim os antigos Carnavais de Santana do Ipanema e de toda a região sertaneja.




  


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