terça-feira, 30 de novembro de 2021

 

O TEMPO NÃO ESPERA NINGUÉM

Clerisvaldo B, Chagas, 1 de dezembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.622





No momento (14 horas), a temperatura de Santana do Ipanema está na casa dos 36 graus. Há dias, compadre, chegou brincando aos quarenta. Quem falava de Pão de Açúcar! É a região pegando fogo, principalmente o Alto Sertão e Sertão do São Francisco. É verdade que deu uma boa trovoada em Santana do Ipanema há dois ou três dias, durante à noite, mas se via que era trovoada de passagem. Cumpriu o seu papel em fazer zoada, amenizar o calor sufocante e partiu vagarosamente. Em Arapiraca o negócio foi medonho, chuva e ventos fortes causando transtornos pela cidade, chegam às notícias. Enquanto isso estamos na expectativa do próximo mês quando a primavera tem vontade de ir embora. E se a primavera que é amena está assim, calcule o verão que se iniciará ainda em dezembro!

Dezembro é um mês que não costuma alisar em termos de temperatura. Poderá trazer mais trovoadas ainda ou passar em céu azul, o que não seria a primeira vez. Geralmente é mês de muita luta no campo com falta de colheita e plantio. A escassez da água faz a angústia do ruralista ao contemplar os rebanhos sedentos e lambendo a poeiras cinza dos cercados despidos de vegetação. Uma duplicata de textos e textos da literatura nordestina desde quando se escrevia com bico de pena de pato. Mas quem vive quer saber o agora, pagar com moeda nova o sacrifício e o prazer de morar no Sertão.

Você que é da capital, imagine em lugares estremos do Oeste de Alagoas, onde alguns estudiosos consideram essa parte do alto sertão como clima árido, isto é, clima de deserto! Percorremos parte da região onde só encontramos caprinos sob sombra esfarrapada de quixabeira. Bosques de juremas pretas e macambiras, terras escuras com cenários de supostos incêndios florestais. Como faz a diferença, a água gelada conduzida na reserva da mala do automóvel! E nesse tempo de labaredas solares e terras rachadas, até as cascavéis trocam o dia pela noite indo à caçada com seu veneno terrificante. A caatinga aguarda uma nova trovoada para virar o paraíso dos homens e das abelhas.  Amanhã, o 7 e o 5 me esperam Orgulho em ser nordestino!!!

ENTARDECER: MONUMENTO AO JEGUE QUE SUSTENTOU A CIDADE QUANDO NÃO HAVIA ÁGUA ENCANADA. (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

 

LIBERDADE

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.621





Palmeira dos Índios, situada no Agreste alagoano, está de parabéns em resgatar parte da história do nosso estado. A lembrança de exaltar a luta quilombola pela liberdade foi oportuna nesses momentos em que se discute o racismo no Brasil com o dia da Consciência Negra. Não só o prefeito está de parabéns, mas o escultor Ranilson Viana e todo o povo palmeirense pelo exemplo em exibir publicamente os nossos valores numa luta universal, local e sem tréguas. Os quilombolas da comunidade Tabacaria representam muito bem tantas comunidades quilombolas de Agreste e Sertão do nosso território. O monumento negro à Liberdade não será apenas um monumento para Palmeira dos Índios, porém fonte de inspiração, pesquisa, estudo e turismo que preenchem a cabeça dos verdadeiros heróis e apologistas à liberdade branca, negra, indígena do nosso País.

A obra com quatro metros de altura representa também uma vitória profissional para o seu autor, notadamente quando sua arte vai aonde o povo está. A “Princesa do Agreste”, também já possui uma tradição de preservar a sua história como alguns monumentos à personagens indígenas – origens das suas raízes – e o trio de museus espalhados pela cidade. Estivemos aí em dia chuvoso fotografando na Praça do Museu Xucurus a máquina do trem para o nosso trabalho “Repensando a Geografia de Alagoas”. Diversos outros lugares foram por nós fotografado como a serra das Pias, a antiga estação ferroviária e o açude do Goiti na sua melhor forma.

Palmeira dos Índios, para quem não a conhece, é passagem obrigatória dos que trafegam Sertão – Maceió e vice-versa pela BR-316 e de quem se desloca de Arapiraca para Bom Conselho, Garanhuns via Igaci. Município de terras férteis também é conhecido como “Terra da Pinha” que no Sudeste é chamada de fruta de conde. Sua posição geográfica facilita bastante o seu desenvolvimento: Agreste, fronteira com Pernambuco e limiar do Sertão, significam está perto de tudo e possui bom intercâmbio com a Capital Sertaneja Santana do Ipanema. Mas nem só da pinha doce vive Palmeira dos índios, a cidade respira cultura por todos os recantos onde a sombra do Mestre Graça continua muito maior do que os quatro cantos das suas fronteiras.

MONUMENTO À LIBERDADE

(FOTO: DIEGO WENDRIC/ASSESSORIA)


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