“DEFUNTO PERFUMADO” (Clerisvaldo B. Chagas. 20.1.2010) PROF. Ernani Otacílio Méro (Escritor) Recebi, com espanto até, do meu caro am...

"DEFUNTO PERFUMADO"


“DEFUNTO PERFUMADO”

(Clerisvaldo B. Chagas. 20.1.2010)

PROF. Ernani Otacílio Méro
(Escritor)

Recebi, com espanto até, do meu caro amigo Clerisvaldo Braga das Chagas, como ele mesmo afirma: “o meu Defunto Perfumado”.
Realmente, não sou um perito em avaliar um romance, todavia, a confiança do amigo em um simples escrevedor de histórias me faz aceitar o desafio.
Li com aquela certeza, pois já conhecia o seu primoroso e agradável “Ribeira do Panema”, de que iria ter em minhas mãos mais uma produção vitoriosa de Clerisvaldo, essa inteligência nova, taluda e ousada no bom sentido.
Conforme afirmam os críticos, duas linhas existem dentro da temática do romance brasileiro ─ a regional e a psicológica. Duas correntes da literatura nossa abraçaram as temáticas acima citadas, ou seja: o Romantismo e o Modernismo.
No Modernismo, vamos encontrar uma preocupação pela narrativa abrangente de um “status” urbano social, onde o leitor acompanha, envolvido pela narrativa, todo o desenrolar de fatos que o leva a sentir uma realidade social vivida.
O que seria ─ DEFUNTO PERFUMADO ─ a não ser um romance que sai da pena talentosa de um jovem dentro da linha da narração segura e clara de fatos que envolvem toda uma situação, toda uma época vivida na região de sua tão decantada e simpática ─ SANTANA DO IPANEMA ─ .
A sequência dos fatos narrados é feita com alma e poesia, impulsiona o leitor a prosseguir, pois, cada página é uma motivação à curiosidade de tomar contato com o que segue.
DEFUNTO PERFUMADO, dentro de uma linha narrativa, é envolvente e joga com os nossos sentimentos levando-nos até a um comportamento de revolta diante de certas cenas, ou, a momento de total paz espiritual quando Clerisvaldo nos pinta com alma:
“O vento acalentava os galhos mais finos das árvores. A noite prosseguia. E às vezes pensava-se que o frio da madrugada cantava com o sertanejo as mais doridas paixões:

─ Meu amô se foi embora
Num sei quando vai vortar
Meus óio choram com raiva
Da saudade a mim matar”.

Toda a narrativa histórica, feita com alma e poesia de DEFUNTO PERFUMADO”, fala, e o faz com eloquência, do valor e da pontencialidade criativa desse jovem escritor que já está entre os nomes maiores, apontando, não há como negar, como ─ valor expressivo ─ do romance histórico em terras das Alagoas.
Não posso e não devo ir além em minhas observações. Não sou, volto a afirmar, o apontado para falar sobre esta obra que me caiu às mãos para fazer uma apresentação. Li por mais de uma vez e ficava até meio aborrecido quando tinha que interromper, pois cada página é um convite, um estímulo, para continuar.
Clerisvaldo, com sua inteligência jovem, consegue empurrar o leitor para não soltar de suas mãos o ─ DEFUNTO PERFUMADO ─ que é mais perfumado pelo sabor “gostoso” do estilo suave, envolvente e poético, do que mesmo pelo “aroma” que continua envolvendo o misterioso serrote.
FIM.

Adalberon Cavalcante Lins (Escritor)-(“Curral Novo”, “Sidrônio”, “Caminhos Incertos”, “O Tigre dos Palmares”): “Ninguém se espante, pois, se em breve tempo Clerisvaldo estiver entre os maiores romancistas do Brasil”.

UM ROMANCE FORTE

“Defunto Perfumado” não é apenas mais um livro nordestino. É sobretudo um romance corajoso, cru, cheio de nuances imprevisíveis onde o misticismo junta-se ao sexo, a violência... Ao lirismo.
O desenrolar dos fatos é descrito com rara fidelidade por um escritor que nasce e vive mergulhado no mesmo cenário dos seus personagens: a misteriosa e difícil caatinga cheia de cactáceas, pelo dia, e à noite banhada em fecundos inpiradores luares.
Pelo seu estilo “turbulento e macio”, Clerisvaldo B. Chagas, autor de “Geografia de Santana”, “Carnaval do Lobisomem” e “Ribeira do Panema”, diz realmente a que veio e toma, sem dúvida alguma, seu lugar definitivo ao lado dos grandes autores das Alagoas.

José Conrado de Lima
Cadeira de História
da
Faculdade de Filosofia de Arapiraca

Nota: Livro publicado em 1982.
Nota 2: Grifos nosso (A).

“FLORO NOVAIS HEROI OU BANDIDO?” (Clerisvaldo B. Chagas. 20.01.2010) Antonio Machado ─ Escritor ─ A arte de prefaciar um livro deve s...

"FLORO NOVAIS, HEROI OU BANDIDO?"

“FLORO NOVAIS HEROI OU BANDIDO?”

(Clerisvaldo B. Chagas. 20.01.2010)

Antonio Machado
─ Escritor ─

A arte de prefaciar um livro deve ser tão antiga, quanto à de escrevê-lo.
Honrou-nos, sobremaneira, o emérito escritor CLERISVALDO B. CHAGAS e o estreante FRANÇA FILHO, ambos santanenses de sete costados, em prefeciarmos este novo livro, congnominado “Floro Novais, Heroi ou Bandido?”.
Reconhecemos que não possuímos a tutela literária e abalizada de prefaciarmos um compêndio, e sobretudo, em se tratando de um trabalho escrito a quatro mãos de inteligências tão dadivosas e fecundas de dois jovens da terra de Breno accioly. Todavia, dentro das nossas limitações dimensionais, nos aventuramos a escrever esta conversa franca, embasada no que o livro nos proporcionou.
A convite de Clerisvaldo B. Chagas e França Filho, participamos de algumas pesquisas deste livro, realizadas no Município de Olivença, Alagoas, onde Floro Gomes Novais viveu sua infância e constitui família, pois nessa fecunda área sertaneja os pesquisadores encontraram substancioso subsídio para a realização da meta desejada, escrever a vida de Floro Novais num livro que enfeixaria suas facetas, aventuras e peripécias de qualidades nordestinas.
O livro FLORO NOVAIS, HEROI OU BANDIDO? Dessa dupla incrível, narra com muita precisão à vida e os nuances desse sertanejo calmo e pacato, que no verdor de sua infância, viveu uma vida igual aos jovens de seu “habitat”, que dentro de sua simplicidade não passava de um homem da roça e de casa, cuja vida não diferenciava dos demais rurícolas do Nordeste, sem jamais pensar em ofender a ninguém, contudo, quando se sentia magoado no mais íntimo do seu ser, revoltava-se, como todo mortal de sangue e osso.
Éramos garotos na época, mas, curiosos que sempre fomos, ouvimos de Floro Gomes Novais esta expressão, numa visita que ele fizera a meu pai, também chamado Floro: “Xará, quando eu apanhei os miolos de meu pai, espalhados pelo chão, não chorei, mas senti dentro de mim uma revolta”.
Nós outros que não somos causídicos, e nem possuímos conhecimentos sobejos nesta área, interrogamo-nos e interrogamos:
─ O filho que procura vingar a morte do pai, pode ser acusado pela sociedade como bandido?
─ Será que Floro Gomes Novais só era vingador mesmo ou matava por dinheiro?
Cabe ao leitor o dilema, absolver ou condenar. O poder intelectivo de cada um será o tribunal de consciência onde FLORO NOVAIS, HEROI OU BANDIDO? Será julgado.
As faces múltiplas da vida levam o homem a percorrer caminhos que jamais ele os imaginou. O ingresso de Floro Novais no cangaço, não se deve ao mero desejo de se tornar cangaceiro famoso, ou mesmo, um facínora espertalhão, para galgar as páginas dos jornais, através de um caminho tão escabroso e ínvio, mas com o desejo precípuo e íntegro, de salvaguardar e venerar o nome de sua família. E depois?
O livro FLORO NOVAIS, HEROI OU BANDIDO?, das inteligências pródigas desses alagoanos, narra a epopéia de uma saga sangrenta, enfrentada por um homem simples, que se tornou famoso, Floro Novais; cujo trabalho, pelo seu valor, certamente dissipará nuvens geradas a respeito desse homem tão controvertido, odiado por uns, endeusados por outros, porém, respeitado por todos. Floro Novais, para muitos foi homem de palavra empenhada, sertanejo de boa cepa e de uma têmpera irresistível. Sabia ser amigo sem jamais ter traído a nenhum deles, era possuidor de uma grande alma e temente a Deus. Também para muitos não passava de um tipo acostumado a matar gente. Onde está a verdade?
Referindo-me ao escritor Clerisvaldo B. Chagas, é hoje um nome respeitado dentro da Literatura Alagoana, sendo este o quarto livro de sua lavra. É o escritor do “Defunto Perfumado”, “Carnaval do Lobisomem”, “Ribeira do Panema”... Trabalhos de grande capacidade criadora e imaginativa dentro do estilo ímpar, gostoso de se ler, tornando Clerisvaldo um forte candidato a Academia de Letras. Um grande romancista de Alagoas já dizia, em artigo publicado no “Jornal de Alagoas”: "Ninguém se espante, pois, se em breve tempo, Clerisvaldo estiver entre os maiores romancistas do Brasil”. Este jovem também, é professor por vocação do Colégio Estadual de Santana do Ipanema, desfrutando de um prestígio invulgar naquele setor educacional de tantas tradições, sendo formado em Nível Superior na área de Estudos Sociais, especificamente em Geografia onde possui valioso e autêntico trabalho publicado nesse campo, focalizando sua cidade-berço.
O jovem escritor Clerisvaldo B. Chagas, é hoje um nome de peso dentro da educação e das letras de Santana do Ipanema. Grande professor que tem recebido de seus colegas e alunos os mais efusivos elogios, como um respaldo de seu trabalho feito, não só em sua cidade, mas hoje em todo estado e além fronteiras. Geógrafo, conhecido como, talvez, o maior professor da matéria, no interior.
FLORO NOVAIS, HERÓI OU BANDIDO? Foi escrito com alma e capacidade e, acima de tudo por um escritor de renome, Clerisvaldo B. Chagas. É o “escriba” que mais vende livros em Alagoas e o mais festejado do interior. Naturalmente, Clerisvaldo teve que mudar um pouco o seu estilo por não está no seu campo, mas que promete voltar com toda a força criativa de sua bagagem em um novo romance sertanejo (sua especialidade) já escrito e intitulado “Deuses de Mandacaru”.
Fazemos nossas, as palavras do filósofo Buyere, que sabiamente afirma: “Quando um livro eleva o nosso espírito inspira sentimentos nobres e corajosos, não procureis outro critério para julgá-lo, é um livro escrito por um mestre”.
França Filho, jovem comunicador e radialista, que, gradativamente, vem galgando os pontos elevados dentro da radiofonia alagoana, mormente na região sertaneja, agora também envereda pelos caminhos íngremes de escritor e, ao lado de Clerisvaldo B. Chagas, produziu este livro. Sua inteligência também o credencia a prosseguir com outros trabalhos no gênero, surgindo assim no cenário alagoano na soma com tantos outros valores da terra.
Convictos estamos caros escritores, que o livro FLORO GOMES NOVAIS, HEROI OU BANDIDO? Que vocês oram oferecem ao nosso povo, não será um ópio, mas um apanágio dentro de uma sociedade tão manipulada pelos meios de comunicação de nosso tempo, e onde a Literatura ainda é tão mal difundida. O livro de vocês é realmente digno de elogios, porque além da fidelidade dos fatos, possui uma narrativa acessível e um linguajar bem “assertanejado”, e, indubitalvemente, tornar-se-á um “best-seller” dentro da literatura alagoana e quiçá nordestina.
O livro FLORO NOVAIS, HEROI OU BANDIDO?, está aí, caro leitor, é seu, leia-o, depois faça o seu julgamento. Não somos advogados de Floro nem seus promotores. Mas, certamente, participaremos das milhares de discussões que irão ocorrer nas ruas, nos bares, nas praças e nas portas de igrejas, sobre o livro que ora entra no mercado.

Nota: Esse livro foi lançado em 1985.
Nota 2: Esse livro encontra-se esgotado e não teve nova edição. Escolas e biblioteca pública de Santana do Ipanema receberam exemplares do Autor, na época. Pode ser encontrado também em sebos do Brasil inteiro, como livro raro.
Nota 3: Frisos nosso (A).





“CARNAVAL DO LOBISOMEM” (Clerisvaldo B. Chagas. 19.01.2010) Por ocasião do lançamento de seu primeiro livro, Clerisvaldo explicava que su...

CARNAVAL DO LOBISOMEM

“CARNAVAL DO LOBISOMEM”

(Clerisvaldo B. Chagas. 19.01.2010)
Por ocasião do lançamento de seu primeiro livro, Clerisvaldo explicava que sua infância tinha registro especial nas areias do Ipanema, no banho do Poço dos Homens, e que a Rua do Sebo se constituía no pequeno mundo de um menino que viveu feliz entre sua gente.
É, portanto explicável a tendência do jovem escritor em buscar nas coisas simples da terra, na fertilidade dos acontecimentos populares, a Musa que alimenta a sua bagagem literária.
O bom, na leitura de Clerisvaldo, é a pureza dos fatos. Ninguém fica a ver estrelas. Zé Conceição temia lobisomens das estórias de arrepiar cabelos, mas não temia lobisomens de carne e osso...
Seu conto tem o desfecho passional característico da gente simples da beira do rio. Seus personagens não se arrastam; eles estão providos de almas sensíveis e seus movimentos são verdadeiros, pois são bem nosso, são tirados do meio do povo.
Cada palavra estou certo, não foi inventada, foi tirada do linguajar das massas, da simplicidade de uma gente periférica que a cidade conserva como riqueza e o tempo não relegará ao esquecimento. Djalma Carvalho, Clerisvaldo, Darras, continuam por aí anotando, pesquisando.
Uma característica muito do Clerisvaldo é que ele consegue prender a atenção alheia da primeira a última palavra. Neste ponto de sua carreira poder-se-ia dizer que ele vai longe. Se não aspira a proeminência, mas já tem o seu lugar ao Sol.
O espírito criticista do jovem escritor evidencia-se em “Ribeira do Panema”. Depois o Professor de Geografia dá uma de mestre com a “Geografia de Santana”. Agora, o contista. Sempre o desejo de não parar. Criar impactos.
Com satisfação nós, seus leitores, ficaremos aguardando o próximo lançamento.

ADELSON ISAAC DE MIRANDA
Prof. de História

Nota: Livro lançado em 1979.
Nota 2. Frisos nosso (A).