VEM CHEGANDO A FRIEZA Clerisvaldo B. Chagas, 03 de maio de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.668 Para a Re...

VEM CHEGANDO A FRIEZA



VEM CHEGANDO A FRIEZA
Clerisvaldo B. Chagas, 03 de maio de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.668

Para a Região Norte, friagem; para nós, frieza. A frieza é uma consequência das massas de ar que entram no Brasil vindas do sul do continente. Penetram no País através do Rio Grande do Sul e vão subindo dividindo-se em duas frentes. Uma vai para a Amazônia seguindo pelo oeste, a outra chega a Sergipe, Alagoas, Pernambuco percorrendo o leste e trazendo umidade. Com essas frentes e mais as chuvas locais tangidas do Atlântico, Alagoas vai se beneficiando. As chuvas trazidas do Atlântico vão se derramando sobre a capital, Zona da Mata e agreste até chegar ao sertão com o que sobra do percurso.
O mês de maio iniciou bem quando choveu uma noite inteira e a metade do outro dia, deixando o sertanejo eufórico na perspectiva de bom inverno. Afinal, a longa estiagem dos seis anos que parece cansada, pode ser morta a pauladas com novas esperanças nos pluviômetros. Mandacaru florou, as formigas deixaram as parte baixas, o joão-de-barro fez o ninho com entrada para o poente, o Ipanema apresentou água... Como então o inverno não chegaria?
No Sertão começa a escorregar da Natura uma friezinha tipicamente conhecida, aquela que incentiva às buscas pelos casacos mais leves que hibernam. Mas também, montada na mudança de tempo, chegam as doenças respiratória leves e pesadas que preenchem os posto de saúde.
Como ainda estamos no início da estação chuvosa, quando o tempo nublado se afasta entra um céu sem nuvem bem azul e um Sol rachador que bota para correr. Na volta da chuva e da frieza, porém, ainda se houve o grito: “Corre Maria, pega o meu casaco!”.
A caatinga volta a ficar verde, o fazendeiro tira a rede do alpendre, os pássaros grasnam com alegria doida e nós vamos pedindo café com leite e queijo agradecendo a Deus no pensamento.
Quando chega noite alta fica bem gostoso captar a dança da chuva no telhado identificando um ou outro ruído dos bichos noturnos.

OS TRÊS CASARÕES Clerisvaldo B. Chagas, 25 de abril de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.667 Casarão da es...

OS TRÊS CASARÕES



OS TRÊS CASARÕES
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de abril de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.667

Casarão da esquina. Foto: do livro "230" (Clerisvaldo B. Chagas).
É complicado para a Cultura manter os velhos casarões históricos. Geralmente quando pertencem a particulares estes procuram modernizá-los ou partir radicalmente para a demolição. No local levanta-se um prédio de características novas, geralmente para o aluguel. Pronto. Desapareceu o vestígio do passado.
Quando o poder público é mais ativo, procura fazer o tombamento, ato que nem sempre agrada ao dono do imóvel. Uma vez tombado, o proprietário nada pode fazer e, praticamente, perdeu tudo sem poder mexer no prédio e nem vendê-lo. Muitas vezes acontece no Brasil, não existir verbas para a conservação do imóvel tombado. Assim o edifício vai sendo submetido às ações do tempo igual a uma pessoa envelhecendo sem amparo. Os casarões passam a enfear a paisagem, ameaçando ruir a qualquer momento pondo em risco à vida dos transeuntes.
Na minha terra, demolidos com ignorância e tudo, sem a devida atenção das inúmeras gestões municipais, fica ao prazer da vontade de cada um. Atualmente, três edifícios antigos chamam atenção em pleno Comércio de Santana do Ipanema. Todos os três construídos no tempo de Vila pelo, então, coronel Manoel Rodrigues da Rocha, comerciante, fazendeiro e industrial, falecido em 1920.
O conhecido “casarão da esquina”, com várias modificações no térreo, continua resistindo. Foi construído com várias divisórias para fins comerciais e ali já funcionou tudo, inclusive hotel e biblioteca no primeiro andar.
Outro casarão fica logo perto e tem a estátua do deus mercúrio no topo da fachada. Também já foi biblioteca, grande parceira da minha adolescência. Ali o coronel passou uma porção de tempo, morando.
O terceiro casarão está próximo dos outros dois. Foi morada definitiva do coronel Manoel Rodrigues da Rocha.
Seria uma grande satisfação guiar um grupo de pessoas interessadas pelo comércio e bairros de Santana mostrando a história viva. Fico às ordens para quem quiser organizar grupo de até quinze pessoas.


O RELEVO DE SANTANA DO IPANEMA Clerisvaldo B. Chagas, 24 de abril de 2017 Escritor Símbolo de Santana do Ipanema Crônica 1.666 ...

O RELEVO DE SANTANA DO IPANEMA



O RELEVO DE SANTANA DO IPANEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de abril de 2017
Escritor Símbolo de Santana do Ipanema
Crônica 1.666
Serra da Remetedeira em dia chuvoso. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).

Aproveitando o dia de hoje, Emancipação Política de Santana e, já havendo descrito a sua fundação, iremos falar sobre o seu Relevo.
“(...) Para efeito didático podemos dividir o relevo do município em duas porções:
A primeira porção. Compreende os contrafortes do Planalto da Borborema com elevações denominadas serras, parte do ‘Maciço de Santana do Ipanema’. Vista de longe, essas montanhas parecem muralhas barrando as fronteiras com o município de Poço das Trincheiras e Pernambuco. Entretanto, intercalando a sucessão dos elevados no sentido noroeste-nordeste, surgem espaços em forma de boqueirões, permitindo a suavidade do terreno. Serpentear de riachos da mesma vertente vai desembocar no captor de toda a bacia, o rio Ipanema. Esse maciço, desgastado pelos agentes externos vai recebendo denominações locais dentro do município: serras do Caracol, Pau Ferro, Gugi, Camonga, Macacos, Poço e outras elevações menores. Esses elevados com nomes de serras possuem altitudes respeitáveis para a região, como a Camonga, Gugi e Poço, com muito mais de 500 metros. O relevo serrano de Santana do Ipanema é rico em olhos d’água, boqueirões, vales e grotões. Sustenta umidade a barlavento e motiva chuvas orográficas ao longo do maciço. A serra do Poço apresenta cicatriz de tromba d’água na vertente sul, voltada para os sítios Pé de Serra e Marcela, ocorrida nos primórdios do município. A intensidade do desmatamento é contínua e visível ao longo de toda cadeia, o que vem prejudicando os seus mananciais. O pedregulho do extenso desgaste rochoso vai se acumulando nos sopés, entulhando córregos de periferia com lixiviação das chuvas torrenciais.
A segunda porção. Pediplano Sertanejo são terras planas e onduladas com as colinas entrecortadas de rios e riachos, semeadas de serrotes, cadeias de montanhas ou montanhas isoladas residuais. As elevações maiores são chamadas popularmente de serras e, as menores, de serrotes, no campo e mesmo as que circundam o núcleo urbano.
Essa segunda porção do relevo espraia-se em forma de leque dos sopés do Maciço em direção ao rio São Francisco. As serras em cadeia no meio do pediplano são mais altas do que as serras isoladas, mas não chegam à altitude anterior. Entretanto algumas surpreendem em altura como a serra da Lagoa e a do Cabeça Vermelha, entre Santana do Ipanema e o povoado Areias Brancas. São formações que também formam olhos d’água nos cimos e nos sopés. Serras e serrotes, bem como riachos e lagoas são pontos de referência importantíssimos no município em estudo. Além das serras citadas acima, surgem às elevações em torno da sede municipal como o serrote do Gonçalinho e ─ seguindo a direita com ele ─ os do Cruzeiro e Pintado; serras: Aguda, Remetedeira, Poço, Camonga e Macacos. As demais elevações do pediplano são serrotes que também batizam os sítios: serrote do Amparo, Angicos, Bois, Brás, França, Pintado, Serrotinho e Severiano”.
·         CHAGAS, Clerisvaldo B. Santana do Ipanema (Alagoas); conhecimentos gerais do município. Grafmarques, 2011.