DECIBÉIS DO CÃO Clerisvaldo B. Chagas, 21 de outubro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.200 PARCIAL  DO C...

DECIBÉIS DO CÃO


DECIBÉIS DO CÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de outubro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.200

PARCIAL  DO COMÉRCIO SANTANENSE. (FOTO: B. CHAGAS).
O inconformismo e a ambição de comerciantes medievais infringem a lei constantemente com a poluição sonora. Da capital ao interior muitos Comércios adotam a gritaria através de aparelhos que não tem cristão que aguente. Em Maceió é cada um querendo ser mais troglodita do que o outro, pensando que zoada atrai consumidor, quando na verdade coloca-o a correr. No Comércio, corredor de ônibus, a tortura é imensa para os passageiros que aguardam muito tempo nos pontos. É um inferno de som que não tem critério e nem fim. Com muito atraso, fiscais do governo andaram medindo decibéis e orientando comerciantes.
 A fiscalização voltará às lojas e, em caso de descumprimento da notificação, será aberto um processo administrativo, o equipamento será apreendido e emitido o auto de infração para pagamento de multa por poluição sonora com base na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998)”. Tribuna.
A poluição sonora pode prejudicar os sistemas nervoso e cardiovascular do idoso, crianças e pessoas com tendência à depressão, que têm mecanismos de defesa mais vulneráveis e costumam ser os mais afetados”, diz ainda a reportagem. Tardiamente, aqui por Maceió, ainda chegou à providência, mas no interior não há providência alguma, principalmente nas cidades polos, lugares de muita concentração de pessoas. 
Nas ruas é um carro de som atrás do outro com altura máxima desafiadora. Até aleijado pedindo esmola agora usa aparelhagem de som. Ainda tem vendedores de picolés e outros com som automático que não desliga nunca, enchendo malas e sacos da população. No comércio é som na calçada, na porta e no interior da loja numa rotina da peste e que não é incomodada por fiscalização nenhuma. Outros ainda acham pouco e obstruem o passeio com suas bugigangas, forçando os transeuntes ao desvio pela rua com o risco de atropelamento.
Dormem os defensores do meio ambiente.
Cochilam as autoridades sem denúncias.
Engolem ouvidos humanos, os DECIBÉIS DO CÃO.



FINALMENTE Clerisvaldo B. Chagas, 16/17 de outubro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.199   CASA DO CORONE...

FINALMENTE


FINALMENTE
Clerisvaldo B. Chagas, 16/17 de outubro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.199
 
CASA DO CORONEL. (FOTO: B. CHAGAS).
Finalmente, após décadas de críticas, um tapume de madeira envolve a Praça da Matriz – Coronel Manoel Rodrigues da Rocha. O prefeito de Santana do Ipanema, resolveu atender os apelos do povo santanense, extinguir e construir uma nova praça que corresponda aos anseios da sociedade. Dizem que o tapume é para que seja uma surpresa, embora seja temerário construir uma obra sem o aval de perto da população. Esperamos que essa reforma tão aguardada pelos munícipes agrade a todos e conserve o busto de bronze do Cônego Bulhões e as denominações das praças emendadas, Coronel Manoel e Senador Enéas.
O coronel Manoel Rodrigues da Rocha foi o homem mais importante de Santana até 1920. Comerciante, industrial e grande empreendedor no município. O cônego Bulhões foi por sua vez, a figura mais importante e ilustre em Santana do Ipanema entre 1920 e 1953, aproximadamente. O coronel era sapateiro filho de Águas Belas, enriquecido com o comércio de couros, no Baixo São Francisco. O cônego Bulhões era natural do povoado de Piranhas, Entre Montes.  Já o senador Enéas Araújo, várias vezes no cargo, foi o primeiro professor de Santana do Ipanema, juntamente com sua esposa.
Esperamos que o prefeito Isnaldo Bulhões, também profundo conhecedor da história municipal, conserve os merecidos títulos das praças e o busto do homem que reformou a Igreja Matriz de Senhora Santana, que demonstra a atual apresentação, o mais belo templo do interior. O povo aguarda com certa ansiedade os resultados dos esforços empreendidos em favor do mais importante logradouro da urbe.
Esperamos que o gestor acerte em cheio e a praça saia à altura do Comércio, da Matriz e do gosto sofisticado do povo santanense.
Almejamos o melhor para todos e parabenizamos a iniciativa.
   



VIDA E MORTE DE UM CINEMA Clerisvaldo B. Chagas, 15 de outubro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.198 LARGO ...

VIDA E MORTE DE UM CINEMA


VIDA E MORTE DE UM CINEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de outubro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.198
LARGO DA FEIRA, SANTANA. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).

       Entusiasmado com o êxito do Cine Glória, à Rua Coronel Lucena, o empresário Tibúrcio Soares, resolveu construir um cinema mais poderoso. Assim ergueu o gigante na Rua Barão do Rio Branco, em pleno centro comercial. Belíssima fachada, oitocentos lugares, cadeiras não acolchoadas de primeira, marca CIMO. Tela enorme, toalete, galeria e saída lateral para os espectadores. Alcançava-se a sala de projeção galgando alguns degraus passando-se por sala de espera espelhada, com poltrona longa e única. Recebendo ingressos, o porteiro do antigo cine, índio Fulni-ô de Águas Belas, Sinésio, conhecido como “Caboclo”. Houve concurso para o nome do prédio, ganhando a concorrência o título Cine Alvorada. Santana do Ipanema, sertão de Alagoas, ganhava assim seu segundo cinema de luxo.
       As paredes internas foram decoradas com estampas de motivos regionais: mandacaru, forrozeiro, carro de boi... Em pintura moderna. Fez o trabalho de arte o desenhista de fachadas e artista plástico denominado Zezinho Bodega. Pelas vidraças eram vistos alguns cartazes dos próximos filmes. Mas o cartaz de compensado que ficava no poste de esquina do Hotel Central, continuava anunciando. Tibúrcio Soares, também era proprietário de loja de tecidos denominada “Rainha do Norte”, entre o prédio do meio da rua e o sobrado do meio da rua. Ali também se vendia todos os artigos carnavalescos.
       Com o advento da televisão, divertimento em casa, houve forte abalo em outras atrações: clubes, cinemas, teatros... Levando ao fechamento de vários deles no Brasil inteiro. Não foi diferente com o gigantesco Cine Alvorada. Passou para outro empresário, mas os dias do cinema já estavam contados. Havia uma lanchonete ao lado, fechou e virou barbearia por muito tempo.
       O cinema, orgulho do interior, ficou ocioso por longa data e aos poucos foi sendo transformado em casa comercial. O interessante é que daquele mundo todo, não se tem notícia de que uma só peça esteja no Museu Darras Noya.
       É muito difícil se conservar a história de um município quando ele próprio não se interessa por ela.