CHUVA NAS ALAGOAS Clerisvaldo B. Chagas, 30 de dezembro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.237 CHUVA EM SANT...

CHUVA NAS ALAGOAS


CHUVA NAS ALAGOAS
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de dezembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.237
CHUVA EM SANTANA do IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).

Infelizmente ou felizmente notícia gosta de usar as duas faces. E as previsões de chuvas para o estado nos três primeiros meses, do ano, deixam o nosso Sertão esperançoso e quase feliz. E o quase fica por conta das alvíssaras até as realizações dos torós anunciados. Para a capital que vive os problemas de afundamentos de bairros, quedas de barreiras, batidas no trânsito e crateras/ armadilhas cheias d’água, não é notícia muito agradável; até mesmo porque se diz que haverá chuvas contínuas e muito calor, bem diferente das trovoadas passageiras e tradicionais. Imaginemos a aflição dos Bairros Pinheiro, Mutange, Bom Parto e imediações com tantos casos revoltantes e não resolvidos.
Mas o semiárido poderá sorrir de boca larga porque chuva na terra é melhor de que ouro em pó. Essas precipitações encherão pilões, barreiros e açudes, permitindo uma ponte robusta entre o verão e a época invernosa. Planta-se feijão de corda, enche a palma, sai o pasto, o capim encobre o lombo luzidio das vacas leiteiras, fabrica-se o queijo e, o legume faz a barriga cheia. O aroma desejado e gostoso da terra molhada dilata as narinas do sertanejo em festa. Estira-se o mandacaru, pia a codorniz e os poetas enchem os salões das fazendas com aboios, emboladas e repentes na viola.
O pincel da natura cobre o giz do espaço com o cinza dos cúmulos, dos nimbos, empurrados pelo regougar dos trovões assustadores. Os traços fortes das chuvaradas cantam nos telhados vermelhos da casa-grande, faz tinir as bicas das taperas e derrubam a lataria enferrujada por cima dos potes de barro. Enrosca-se a cascavel, recolhe-se o carcará, muge o bezerro na baixada e a velha peleja com o fogo do cachimbo vindo do Juazeiro do padrinho Ciço.
Feijão, milho, melancia e mandioca só faltam quebrar o espinhaço do jegue, a mesa do carro de boi ou os eixos do caminhão valente a caminho do armazém.
Na beira do córrego, esse matuto observa e anota até mesmo quando o patriarca da humilde família bota os joelhos na terra, ergue as mãos aos céus e murmura. O gavião ali perto não irá compreender, mas Deus – presente nos matizes do verdume –  abençoa os seus dizeres e suas lágrimas que escorrem rumo ao pequeno riacho murmurante.



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UM PERSONAGEM DA MINHA RUA Clerisvaldo B. Chagas , 26/27 de dezembro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.236 ...

UM PERSONAGEM DA MINHA RUA


UM PERSONAGEM DA MINHA RUA
Clerisvaldo B. Chagas, 26/27 de dezembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.236

RUA ANTÔNIO TAVARES. (FOTO: B.CHAGAS/LIVRO 230).
Ao ver na Internet o apelido nada agradável de certa pessoa da minha infância e adolescência colocada rudemente aos pés da sua filha, no Face, resolvi fazer essa crônica.
Chamava-se João Barbosa Filho, era marceneiro, morava e trabalhava quatro casas após a de meus pais; entre o vizinho José Urbano e o soldado Joaquim Manoel. Seu João Barbosa era um homem alto e magro e poderia contar com mais de sessenta anos de idade. Sua casa pobre com oficina na entrada oferecia serviços de marcenaria a quem dela precisasse. Na época eram imprescindíveis profissionais como marceneiros, sapateiros, flandrileiros e tantos outros eiros. Portanto, as tendas ou oficinas estavam sempre lotadas de encomendas, principalmente em tempos de bons invernos.
Seu João, ali na Rua Antônio Tavares, era um ótimo profissional e homem trabalhador. Nunca se ouviu dizer que o cidadão fosse metido em encrencas. Sobre isso, tinha a sua própria filosofia. De vez em quando bebia, se muito ou pouco não sei não me lembro. Também não me recordo quanto tempo passava quando chegava à distração. Depois Seu João mudou-se para um ponto entre o antigo clube Sede dos Artistas e a atual clínica ortopédica no Bairro Monumento, hoje espaço murado. Ganhou o apelido de João Cachaça. Quando bebia fazia o trajeto de casa à oficina, sempre murmurando alguma coisa e, entre elas, a frase famosa da sua vida: “João Barbosa Filho, quanto mais bebo, mais respeito”. E de fato era muito respeitoso.
Todos da rua gostavam do marceneiro. Não estou bem seguro, mas devido à situação, sua filha (não sei se tinha mais de uma) foi adotada, estudou com dignidade, tornou-se professora e diretora de escola. Muito me orgulha em falar do seu sucesso, respeito e amizade. Honrou a todos com sua força, inclusive à Rua Antônio Tavares onde seu pai foi exemplo de homem de bem. Quanto à bebida, todos bebem diante de problemas da vida.  Chamar Seu João Barbosa Filho de João Cachaça, fora a intenção, não o desabona em nada. Agradecidos estão os milhares de alunos que passaram até agora pelas mãos da sua filha professora e a sociedade santanense. Orgulhe-se, mulher, de seus pais, assim como estou orgulhoso de você, minha colega de profissão.

SANTANA DO IPANEMA: O RENASCER DA RÁDIO CORREIO Clerisvaldo B. Chagas, 25 de dezembro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano ...

SANTANA DO IPANEMA: O RENASCER DA RÁDIO CORREIO


SANTANA DO IPANEMA: O RENASCER DA RÁDIO CORREIO
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de dezembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.235
RÁDIO CORREIO DO SERTÃO (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

Houve muita tristeza no Sertão quando a rádio pioneira encerrou suas programações. Inaugurada em 29 de janeiro de 1979, a Rádio Correio do Sertão tem a sua própria história dentro da história sertaneja. Foi a grande novidade da época que revolucionou a comunicação e a convivência no semiárido alagoano. Todavia, a tristeza cedeu lugar à alegria, após a notícia de que a Emissora retornaria ao espaço de gravata e colete. Não estava morta, mas apenas hibernando para voltar em grande estilo. É que foi publicada no Diário Oficial da União (segunda 23) a sua adaptação de AM para FM. “Com a decisão, o veículo informativo de Santana do Ipanema prestará melhores serviços com qualidade de som  na frequência 100.9 mega-hertz (MHz)”.
Portanto, no próximo mês a Emissora estará completando 41 anos de existência. Sua migração para FM poderá deixá-la em pé de igualdade e até ultrapassar a concorrência, dependendo apenas dos seus próprios méritos. A migração foi assinada pelo Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Carlos Alberto Flora Baptistucci.
As emissoras de rádio são de suma importância nos interiores nordestinos, aonde as notícias só chegavam a cavalo. Hoje em dia elas proliferam até mesmo como rádios comunitárias, deixando mais informadas as populações que também divulgam os seus interesses.
No caso da Rádio Correio de Sertão, implantada em Santana do Ipanema, ergueu-se novo conceito social que iria modernizar o semiárido e azeitar o progresso de muitos outros empreendimentos. Pertencente à família Bulhões, a emissora também serviu a muitos neófitos que se tornaram posteriormente grandes profissionais da comunicação. Não existe sentimento maior do que a alegria, com a notícia da Fênix Sertaneja. Portanto, o esforço pela migração deve ter sido grande como enorme foi a surpresa positiva da notícia.
Parabéns aos Bulhões, aos ouvintes cativos da Rádio Correio do Sertão e ao povo santanense.