(Clerisvaldo B. Chagas. 29.8.2009)
Antes da telinha em casa, era prazeroso frequentar os cinemas da cidade. Cinema era ponto de encontro dos amigos, dos namorados, dos apreciadores da sétima arte. Lá fora, o pipoqueiro rodando o veio do carrinho. Lá dentro, o barulho agradável da fita no complexo da projeção; penumbra convidativa; o primeiro beijo; a emoção do amor brotando. No ar, o rap-rap dos dentes e o cheiro flutuante de pipocas amanteigadas. A inocência, a mão boba, o pisca-pisca do “lanterninha” e as repetições das frases: “Dê licença! Dê licença!”
Maceió possuía e se esparramava em três cinemas importantes: o Plaza, no Bairro do Poço, próximo a Praça do Bonfim; o Ideal perto da Praça do Pirulito, no centro; e o Lux, no Bairro da Ponta Grossa. Cada um deles com suas nuances, juntos davam um ar charmoso a Maceió. Filme bom, filas na porta, ônibus de linha, frequentadores chegando das ruas, das praças, dos bairros. Cartazes, luzes, comentários na capital ainda provinciana. Mais tarde chegou o quarto cinema à Rua do Comércio, o São Luiz. Bonito, luxuoso, começava a desbancar os três cines tradicionais.
Quem passa atualmente perto da Praça do Pirulito, vê o esqueleto em que foi transformado o cine Ideal. Aquele símbolo da antiga Maceió, da tranquilidade, das noites de glamour, desperta arrepios, revolta e saudades. Hoje por ali: ponto de ônibus, comércio ambulante e número elevadíssimo de descuidistas por metro quadrado. O cine Lux na Ponta Grossa teve tratamento mais generoso. Reformado, virou casa religiosa. Nos últimos dias de glórias, apresentava os bang-bang italianos com casa cheia. O povo apreciava as aventuras de “Django”, “O Dólar Furado”, “O Bom, o Feio e o Mau” e outras tantas produções que agradavam sempre. Depois, até mesmo o diferenciado São Luiz adoeceu, suspirou e morreu à tradicional Rua do Comércio.
O divertimento em casa foi grudando o frequentador antigo nas poltronas sem o escurinho. E assim filhos e netos não tiveram o prazer de ter conhecido um cinema de verdade. O cine seguiu apenas o destino da onça, da preguiça, do javali... De todos os animais em extinção.
Os três cinemas de Maceió fazem parte da sua história, da sua cultura, do social. Não deveriam ter terminado assim. São patrimônios perdidos que fazem lembrar o Gogó da Ema (coqueiro mais famoso do Brasil); os carnavais da Praça Moleque Namorador; a bica da pedra; os parques de diversões na Praça de Faculdade de Medicina; os encontros da Praça do Pirulito; o folclore do Bebedouro e os banhos na praia da Avenida. Aonde iremos encontrar um condensado desses lugares, dessas histórias que correram nas veias de Maceió? Enquanto isso, quem conheceu o cine Ideal, leva um choque de lembranças ao se deparar com a carcaça.
Não sabemos sobre o Plaza e o São Luiz. Maceió, antes, violência somente nas telas dos TRÊS CINEMAS.
Antes da telinha em casa, era prazeroso frequentar os cinemas da cidade. Cinema era ponto de encontro dos amigos, dos namorados, dos apreciadores da sétima arte. Lá fora, o pipoqueiro rodando o veio do carrinho. Lá dentro, o barulho agradável da fita no complexo da projeção; penumbra convidativa; o primeiro beijo; a emoção do amor brotando. No ar, o rap-rap dos dentes e o cheiro flutuante de pipocas amanteigadas. A inocência, a mão boba, o pisca-pisca do “lanterninha” e as repetições das frases: “Dê licença! Dê licença!”
Maceió possuía e se esparramava em três cinemas importantes: o Plaza, no Bairro do Poço, próximo a Praça do Bonfim; o Ideal perto da Praça do Pirulito, no centro; e o Lux, no Bairro da Ponta Grossa. Cada um deles com suas nuances, juntos davam um ar charmoso a Maceió. Filme bom, filas na porta, ônibus de linha, frequentadores chegando das ruas, das praças, dos bairros. Cartazes, luzes, comentários na capital ainda provinciana. Mais tarde chegou o quarto cinema à Rua do Comércio, o São Luiz. Bonito, luxuoso, começava a desbancar os três cines tradicionais.
Quem passa atualmente perto da Praça do Pirulito, vê o esqueleto em que foi transformado o cine Ideal. Aquele símbolo da antiga Maceió, da tranquilidade, das noites de glamour, desperta arrepios, revolta e saudades. Hoje por ali: ponto de ônibus, comércio ambulante e número elevadíssimo de descuidistas por metro quadrado. O cine Lux na Ponta Grossa teve tratamento mais generoso. Reformado, virou casa religiosa. Nos últimos dias de glórias, apresentava os bang-bang italianos com casa cheia. O povo apreciava as aventuras de “Django”, “O Dólar Furado”, “O Bom, o Feio e o Mau” e outras tantas produções que agradavam sempre. Depois, até mesmo o diferenciado São Luiz adoeceu, suspirou e morreu à tradicional Rua do Comércio.
O divertimento em casa foi grudando o frequentador antigo nas poltronas sem o escurinho. E assim filhos e netos não tiveram o prazer de ter conhecido um cinema de verdade. O cine seguiu apenas o destino da onça, da preguiça, do javali... De todos os animais em extinção.
Os três cinemas de Maceió fazem parte da sua história, da sua cultura, do social. Não deveriam ter terminado assim. São patrimônios perdidos que fazem lembrar o Gogó da Ema (coqueiro mais famoso do Brasil); os carnavais da Praça Moleque Namorador; a bica da pedra; os parques de diversões na Praça de Faculdade de Medicina; os encontros da Praça do Pirulito; o folclore do Bebedouro e os banhos na praia da Avenida. Aonde iremos encontrar um condensado desses lugares, dessas histórias que correram nas veias de Maceió? Enquanto isso, quem conheceu o cine Ideal, leva um choque de lembranças ao se deparar com a carcaça.
Não sabemos sobre o Plaza e o São Luiz. Maceió, antes, violência somente nas telas dos TRÊS CINEMAS.
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