quinta-feira, 27 de agosto de 2009

FAZ DE CONTA

FAZ DE CONTA
(Clerisvaldo B. Chagas. 27.8.2009)

O cumprimento de uma ordem judicial não é para ser discutida. Todos sabem disso. Às vezes a ordem não é justa, mas é legal. No caso da greve dos professores, a categoria é quem decide se retorna às aulas ou não. Em havendo retorno ao trabalho, os mestres sabem da responsabilidade profissional. Não se concebe, entretanto, que um professor diga que “vai fazer de conta que vai lecionar”, como surgiu a frase em um jornal da terra. Isso não é honesto nem ético. O que tem o aluno e os seus pais com a decisão do juiz? O caso é como se o operário, por falta de aumento, não oleasse as máquinas, não varresse o salão, não obedecesse ao horário da fábrica. Revoltados com injustiças todos ficam. Mas daí a deixar o cumprimento do dever, grande diferença tem. Nos trinta anos de magistério, conhecemos vários tipos de diretores, muitos até não pertencentes à Educação. Entre eles, várias personalidades. O excelente, o bom, o médio, o ruim e o péssimo. Além de péssimos, beberrões, perseguidores, invejosos e nervosos quase loucos. Falamos sobre homens e mulheres. Nunca, porém, deixamos de pesquisar, preparar as aulas e ministrá-las com esforço máximo pela eficiência. Ser professor é antes de tudo responsabilidade com os pais que nos confiam os seus filhos. O professor pode ser duro, mole, chato, exigente, amigo, fraco... Mas nunca irresponsável. Muitas vezes o mestre chega à porta da escola com os olhos lacrimosos devido aos problemas particulares. Não sabe nem como adentrar ao prédio. Entretanto, Deus vem e coloca a mão sobre sua cabeça. E ele, momentaneamente, esquece tudo e cumpre sua tarefa com amor, responsabilidade e eficiência. Dizer “vou fazer de conta que ensino”, é citar uma frase infeliz que só irá diminuí-lo diante de si e do Magistério que o acolheu.
Cabe ao honesto e bravo professor, lutar dentro do direito para sua melhoria e a da sua classe. A greve é uma dessas formas de luta extrema. Mas, na normalidade prejudicar o aluno deliberadamente é “descompromisso” com a juventude. A mesma cartilha da ética vale para os outros funcionários que compõem a unidade escolar: orientador, secretário, vigia, merendeira e serviçais. Responsabilidade até na greve. Sem greve, mais responsabilidade ainda. Geralmente as frases infelizes são frutos da infidelidade profissional. É possível também que seja apenas uma fraqueza do momento. Não queremos alunos robôs para o futuro do País. Almejamos cidadãos aptos para a vida em coletividade, conscientes dos direitos e deveres. A briga do professor não é contra o aluno, é contra o baixo salário. No sagrado dever do Magistério não existe FAZ DE CONTA.

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