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AGONIA DOS CASARÕES
Clerisvaldo B. Chagas,
7 de julho de 2015
Crônica Nº 1.444
(Para o escritor Fábio
Campos)
Foto (Repórter Alagoas). |
Certa feita, na
capital pernambucana, ficamos impressionados com inúmeros casarões antigos, no
centro. Muitos querendo apenas um empurrão para o fim da agonia. Lembramos imediatamente
na nossa Maceió que estava na mesma situação do Recife.
O tempo faustoso,
início do século XX, deixou apenas a lembrança nos potentes casarões, escorados
hoje na bengala do enjoo. As antigas famílias ricas de comendadores, barões e
tantos outros bem sucedidos nos negócios, desapareceram, faliram, modernizaram-se,
abandonando bangalôs, palacetes, armazéns, a mercê das intempéries.
Os estados, repletos
de patrimônios físicos tombados, não encontram mais dinheiro para nada. Caem de
velhice e abandono, igrejas, trapiches, mansões, cadeias e museus. Tombam no
meio da rua sem vida como o mendigo esquecido encontrado morto sob a marquise.
A queda do teto da
antiga Secretaria Estadual de Educação é um exemplo. Bem ali, em pleno comércio
da capital, abençoado o prédio pela santidade defronte de outro patrimônio
aceso, a conhecidíssima igreja de São Benedito. Templo onde faleceu repentinamente
o ex-governador, ex-interventor de Santana do Ipanema, aquele que elevou a vila
à cidade, padre Capitulino.
Em muitos lugares da
capital, casarões e mesmo prédios pequenos, estreitos, antes valorizados por
seus pontos estratégicos, como os da ladeira do Brito, causam desgosto até no
olhar do historiador, do curioso, do saudosista. Maltratados, sofridos, são apenas alugados por
qualquer coisa, cujo zelo da fachada e do interior está longe dali. O tempo
devora prédio, devora gente, tudo devora.
Esfuma-se o dinheiro
público, vai-se a verba particular, gemem as cumeeiras de cedro, as travas de
baraúnas, as portas de nogueira. Ficam os prédios corcundas espiando as ruas.
Talvez esperançosos pela volta do bonde, do chapéu panamá, do vestido europeu,
do perfume francês, quem sabe, até de um seresteiro à antiga para a companhia
de uma noite só.
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