A MORTE
DE LAMPIÃO (IX)
Clerisvaldo B.
Chagas, 28 de julho de 2015
Crônica Nº 1.461
Vamos resumir em uma
crônica, cerca de 20 páginas ricas em detalhes.
28.07.1938. (Quinta-feira).
Segundo o autor da
tese do envenenamento.
Madrugada ainda
quando Maria Bonita faz o café, Lampião e mais cerca de três cangaceiros,
tombam ao prová-lo. Lampião caindo sentado na rede, já sem vida, começa certo
alvoroço no acampamento. As três volantes estão em suas respectivas posições,
quando o intenso tiroteio, inclusive com metralhadoras, acontece para dentro da
grota. Os cangaceiros, desesperados não sabem o que fazer. Escuro, frio,
neblina e fumaça. Alguns atiram e fogem, outros resistem e morrem quando a
grota dos Angicos vira um inferno repentino.
No entrevero, que vai
amainando, estão mortos alguns cangaceiros e outros feridos e ainda vivos, vão
sendo torturados até a morte. Entre os que ainda estão com vida, Maria Bonita é
degolada viva. Após o saque ao acampamento, o comandante ordena que cortem as
cabeças dos cangaceiros mortos. Houve uma cena dantesca narrada pelo cangaceiro
“Paturi” que se escondeu na pequena furna e tudo presenciou.
Entre os mortos do
bando estão os cangaceiros: Lampião e Maria Bonita, Quinta-feira, Mergulhão,
Enedina, Luiz Pedro, Elétrico, Moeda, Alecrim, Colchete II e Marcela.
Da parte da polícia
foi morto o soldado Adrião Pedro de Souza e ferido o comandante das três
volantes, tenente João Bezerra.
Os outros cangaceiros
conseguiram escapar, diante da confusão, neblina e fumaça.
As cabeças dos
cangaceiros mortos foram salgadas e colocadas em sacos, pendurados em caibros e
transportadas pelos soldados até o rio São Francisco. Os corpos dos bandidos
eliminados ficaram amontoados sob pedras.
Os sacos com as cabeças
subiram o rio em canoa até à cidade alagoana de Piranhas de onde partiram as
volantes para o ataque. Ali houve muita festa das tropas e do povo, desfiles de
soldados pelas ruas e exposição macabra das cabeças na porta da prefeitura.
As cabeças dos onze
cangaceiros mortos foram exibidas ainda em várias cidades como Santana do
Ipanema, Palmeira dos Índios, Maceió e em alguns povoados.
Com a morte do chefe,
os cangaceiros que escaparam da hecatombe tomam três destinos diferentes: uns
se entregam à polícia, outros procuram fugir para destinos como São Paulo e, outros
ainda, bem poucos, continuam perambulando sem rumo certo pelas caatingas.
Oficialmente é
considerado extinto o fenômeno Cangaço no Nordeste, consolidando-se com a morte
de Corisco, dois anos depois.
·
Narrativa baseada no livro: CHAGAS,
Clerisvaldo B. & FAUSTO, Marcelo. Lampião
em Alagoas. Maceió, Grafmarques, 2012.
FIM DA SÉRIE DE NOVE CRÔNICAS.
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