BABADO
E BICO NO SERTÃO
Clerisvaldo B.
Chagas, 31 de julho de 2015
Crônica
N º 1.464
Foto: (glossariofechion). |
A frieza vai
esticando as molas após a meia-noite com a chuva fininha nas biqueiras. A
ansiedade em concluir a história do povoado Barra do Ipanema angustia e deságua
para os cafezinhos, bem como nosso Panema desemboca no Opará. Como definir uma
encantadora história do paraíso perdido se mal comecei a escrevê-la? Os danados
dos espanta-boiadas não aguardam mais o amanhecer. Dia e noite no espaço
sertanejo, querem virar também notívagos para o prolongamento de alegria no
verde diurno da caatinga. As bênçãos do inverno brotam no ar, na terra e nas
águas que furam o mundo lavando a vida da gente. Mas escritor não se dá com muriçocas
municipais que teimam em atacar e comer escrevente, computador e tudo. Ô meu
Deus! Por onde anda o peste do carro fumacê!? Lá vem outro pensamento doido: a
moça desbocada filha de empresário dos anos sessenta. Quer parodiar a marchinha
carnavalesca da cachaça: “Você pensa que cachaça é água...” Nem sei se ela
ainda é viva, a desbocada moderna de Santana:
“Você pensa que
babado é bico,
Babado não é bico,
não,
Babado se bota em
vestido,
E bico em
combinação...”
Ainda existe? Mulher
ainda usa combinação?
Droga!
Sumiram com a chuva,
com os espanta-boiadas, mas com os sons do teclado não sumiram. Antes que
amanheça o dia tenho que fazer um capitulo da história da Barra do Ipanema,
elaborar uma página literária de compromisso com o “alagoasnanet”, o “santanaoxente”
o “mendesemendes”, o face, o blog pessoal e, quase que já observo o cocuruto do
sol chamando para dormir. Fogem os temas, correm os assuntos, desembesta o
silêncio e se apresenta a moça da língua porca:
“Você pensa que
babado é bico
Babado não é bico,
não...
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