O TATU QUE
VIROU ESTRELA
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de julho
de 2015
Crônica Nº 1.445
Foto: (tribunahoje.com). |
A poeira amarelada da rodagem impregnavam
as fachadas de oito ou dez casas marginais. Passageiros, do alto da carga de caminhões,
insultavam os moradores: “Aqui é o Bola, rebanho de peste!” Habitantes do lugar
queriam torcer o pescoço dos insultantes, mas as acelerações propositais dos
motoristas, não permitiam a decapitação enraivecida. Estamos no minúsculo
povoado Bola, região agreste de Palmeira dos Índios. Não sabíamos por que seus
moradores tinham tanta raiva em ser apontados como habitantes do Bola.
No século XIX havia muitos
animais selvagens na região, entre eles o famoso tatu-bola. Naturalmente a
referência ao lugar era “o local do tatu-bola”, abreviado simplesmente para “O
Bola”. Por isso ou por aquilo seus moradores detestavam o nome e as provocações
dos forasteiros, isentas de punições.
O povoado fora fundado pela
família Gonzaga. Sua primeira missa foi celebrada pelo padre Ludgero, vigário
da paróquia de Palmeira dos Índios, em 1952. Foi ele quem levou para o povoado
a primeira escola. Com o progresso rápido do lugar, o próprio Ludgero sugeriu
que o nome Bola fosse substituído pela denominação de Estrela.
Estrela criou sua feira-livre em
1959. Em outubro de 1989, o povoado recebeu o nome de Estrela de Alagoas,
acontecendo sua emancipação política em 5 de outubro de 1992.
Hoje o Bola não mais existe, a
não ser na boca de algum provocador interessado na reação.
Cortada ao meio pela BR-316, a
nova cidade alagoana possui mais de 16.000 habitantes. Seus arredores são
bastante arborizados, a cidade possui sua feira-livre e parece bastante limpa
aos passantes.
Com seus festejos anuais e
folclore em dia, nada deve aos outros municípios mais antigos, sendo mais um
oásis no trajeto Sertão – Maceió para quem trafega pela espinha dorsal do
estado, a BR-316, asfaltada e em boas condições de tráfego.
A propósito, é proibido matar
tatu-bola também nas estrelas.
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