LAMPIÃO:
OS CAÇUÁS DAS ENCOMENDAS (V)
Clerisvaldo B.
Chagas, 24 de julho de 2015
Crônica Nº 1.457
Maria Bonita chora
muito, nervosa, recostada a Lampião. Os dois sentiam o fim através das previsões
de um vidente de Umã. Desde 1929 que Lampião tinha pressentimentos.
Os mais íntimos de
Lampião sabiam nas duas margens do rio São Francisco, que Maria Bonita havia
ido a médico em Propriá; não sabiam, porém, qual era a doença. Depois, também
poucos souberam que era somente nervoso e nada mais.
Por aí se vê que Lampião estivera antes em uma das
fazendas de Antônio Caixeiro (SE), aí convocara o bando inteiro para Angicos
(SE), atravessara o rio para Alagoas, serra de São Francisco (AL) para
despistar, depois voltara para Sergipe. AA.
Neste domingo, dia
24, para ninguém vê, Durval foi abrir, salgar e enxugar a carne, de canoa, no
meio do rio. Depois de pronta, levou-a para Lampião e a ofereceu de presente.
Sem aceitar, o cangaceiro pagou a posta de carne com cem mil reis. Como o boi
inteiro tinha custado noventa e dois mil reis, o rapaz pensou que se Lampião
demorasse mais com um negócio daquele, daria para qualquer um muito dinheiro
(segundo seu depoimento). (Ótima carne, régio pagamento).
As coisas, carne e as
outras encomendas, chegam num jegue com dois caçuás. As encomendas foram
compradas por Erasmo Félix e, Durval teria feito as entregas no domingo à noite”.
Prossegue Lampião e
seu bando acampados na grota da fazenda Angicos, de propriedade da família de
Durval. O que Virgolino precisava da fazenda, usava para pagar quando se fosse
retirar do coito a exemplo de bodes, cabras e cabritos. Quando queria complementar
seus alimentos ou fazer uso de algum objeto de fora do coito, usava os
coiteiros para compras em Piranhas ou em Pão de Açúcar, cidade alagoanas.
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Narrativa baseada no livro: CHAGAS,
Clerisvaldo B. FAUSTO, Marcello. Lampião
em Alagoas. Maceió, Grafmarques, 2012.
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