TEMPO BRABO
Clerisvaldo B. Chagas,
2 de agosto de 2018
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica: 1.955
Madrugada caiu gelo
no Sertão alagoano, meu compadre. Essa era a expressão usada por minha sogra e
com razão. Céu limpinho, limpinho, mas foi preciso um casaco e dois cobertores
para aguentar o tranco. Julho recebeu agosto pocando, como também diz a juventude.
Mas as chuvas principais que são aguardadas em julho vieram este ano apenas
como amostra grátis. E como o nosso chamado inverno geralmente tinha como
limite o dia 15 de agosto, foi um fracasso. O mês em que nós estamos costuma
ser o mais frio do sertão, notadamente, na primeira quinzena. Entretanto, a
frieza muitas vezes destruiu os feijoais, seguida de pragas de lagartas.
Novamente o homem do campo bota as mãos na cabeça e desengana.
Pela manhã só aparece
a neblina ou nevoeiro, isto é, uma formação de nuvens pouco espessas próximas
da superfície, provocadas pelo resfriamento e condensação do ar úmido, também
próximo da superfície. Isso ocorre, geralmente em noites claras, de céu
límpido, sobretudo no inverno e no outono. O solo perdendo rapidamente calor
provoca o resfriamento do ar das camadas contíguas à superfície, e a umidade
condensada aparece sob a forma de nevoeiro, que tende a acumular-se nos vales e
nas planícies. Isso porque o ar frio, sendo mais pesado, geralmente se
concentra nas partes mais baixas do relevo. Nem sei se o compadre estar
entendendo alguma coisa, mas é assim que a Geografia diz.
Chamamos também de
orvalho outro fenômeno parecido. Este
aparece quando o ar durante a noite resfria-se abaixo do ponto de saturação.
Esta forma de condensação ocorre muito próxima da superfície e pode ser
observada nas plantas e nos objetos ao amanhecer. Quando, porém, a condensação
ocorre com temperaturas inferiores a 60 C, surge a geada,
representada pela formação de uma camada fina de gelo sobre a vegetação e
outros objetos.
A propósito, também
chamamos no sertão a condensação do orvalho no início da noite, de sereno. As
crianças são sempre advertidas pelos pais: “Saia do sereno, Mané!”
Ô Sertão velho de
guerra!
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