segunda-feira, 6 de agosto de 2018

A REVOLUÇÃO E O PADRE


A REVOLUÇÃO E O PADRE
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de agosto de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.958
Execução de Frei Caneca. (Por Murillo La Greca).

Falar sobre o padre Francisco José Correia de Albuquerque é coisa prazerosa e melhor ainda seria uma palestra viva sobre ele. Mas, entre tantos atributos do “Santo Padre Francisco”, queremos registrar um vaticínio entre os inúmeros citados pela sua pessoa. O padre Francisco, natural de Penedo, possuía grande força espiritual, semelhante ao padre Cícero do Juazeiro, mas, talvez devido aos escassos meios de comunicação da época, ficou esquecido para as nossas últimas gerações. Quem lê a sua biografia fica extasiado e quase nem acredita na leitura. Fez muito por Santana do Ipanema, sendo o fundador da capela que deu origem à Matriz, introduziu Senhora Santana na região, foi o primeiro pároco, contribuiu para que Santana passasse a povoado freguesia. O padre Francisco ainda foi deputado e conselheiro da província de Alagoas.
Mas voltemos ao vaticínio escolhido. No dia, provável, de 6 de março de 1817, estava o Santo Padre Francisco, diante de multidão em Poço das Trincheiras. No meio do sermão, parou a palavra por alguns instantes, deixando a multidão em suspense. Depois, erguendo a cabeça e retornando à palavra, disse: “Começou uma revolução no Recife”. E de fato, naquele exato momento, tinha início na capital de Pernambuco à chamada Revolução Pernambucana.
A Revolução Pernambucana envolveu religiosos (mais de 60 padres), militares, intelectuais e populares. Durou 75 dias, quando parte do Nordeste ficou independente do Brasil, durante esse período. No fim, o governo central ganhou a guerra, muitos líderes foram condenados à morte, outros anistiados, mas houve ainda muitas desordens e assassinatos. A história exalta, entre outros, a figura de Frei Caneca como herói, tanto da Revolução Pernambucana quanto da Confederação do Equador.
Quanto ao missionário penedense, morreu em 1848, no sítio Casinha, a meia légua de Bezerros, Pernambuco. “Aberta tempos depois sua sepultura, de seus despojos trescalava um cheiro tão suave que excedia ao dos aromas e flores mais fragrantes”.
                                                                                                   

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