quinta-feira, 9 de maio de 2019

EU, RONINHO E O BACURAU


EU, RONINHO E O BACURAU
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de maio de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
 Crônica: 2.108



Subi a Avenida Castelo Branco em busca da “Oficina O Bacurau”. Eu sabia que quando a janela do oitão está aberta, o gênio pardalesco encontra-se no batente. Não errei as minhas deduções e fui encontrar o mestre – tão novinho ainda – em meio a sua parafernália criativa. E se o ponto era o antigo Bar do Bacurau, agora é a “Oficina O Bacurau”, bicho feio de hábitos noturnos. Estava ali cercado de personagens sertanejos de ferro e sucata, o famigerado Roninho, um dos maiores artesãos de Alagoas. Que pena atrapalhar o artista cheio de encomendas e de trabalho! Mas a missão simples era além de rever o meu amigo, conseguir duas peças de sua autoria para servir de arranjos. Iriam para a biblioteca – preste a ser inaugurada – da nossa Escola Helena Braga, Bairro São José, em Santana do Ipanema.

O mestre Roninho mandou imediatamente escolher as peças que poderiam me interessar. Escolhi as duas ali mesmo no balcão entre tantas outras figuras bizarras produzidas com rapidez. A figura de mulher conduzindo uma lata d’água à cabeça, ladeada por um mandacaru e outra levando uma espécie de balaio, foram apontadas de primeira. Alturas aproximadas de trinta centímetros iriam para as duas mesas grandes da biblioteca. Na escola, quando a garotada viu as peças, quase não me deixou guardá-las, com tanta admiração e elogio. Ah! Mas fiz questão que o mestre Roninho assinasse nas suas criaturas. O artista foi lá e passou agilmente o pincel com tinta branca, secando imediatamente o prateado.
“Artesão é um profissional que fabrica produtos através de um processo manual ou com auxílio de ferramentas. Sua profissão usualmente requer algum tipo de habilidade ou conhecimento especializado na sua prática. No período que antecede a Revolução Industrial a profissão está associada à produção artesanato ou em pequena escala de bens e produtos, quando artesãos se associavam em guildas ou corporações de ofício. No contexto contemporâneo, o artesão é aquele que produz itens de caracteres funcional ou decorativo, conhecidos como artesanato, a partir do qual ele obtém a sua renda”.
Preciso ainda dizer que as peças obtidas ficaram na cortesia do artífice, modesto, simples como água do pote.
Mestre Roninho... Gente boa.
(FOTOS: ACERVO DE B. CHAGAS).


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