EU, RONINHO E O
BACURAU
Clerisvaldo
B. Chagas, 10 de maio de 2019
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica: 2.108
Subi a Avenida
Castelo Branco em busca da “Oficina O Bacurau”. Eu sabia que quando a janela do oitão está
aberta, o gênio pardalesco encontra-se no batente. Não errei as minhas deduções
e fui encontrar o mestre – tão novinho ainda – em meio a sua parafernália
criativa. E se o ponto era o antigo Bar do Bacurau, agora é a “Oficina O
Bacurau”, bicho feio de hábitos noturnos. Estava ali cercado de personagens
sertanejos de ferro e sucata, o famigerado Roninho, um dos maiores artesãos de
Alagoas. Que pena atrapalhar o artista cheio de encomendas e de trabalho! Mas a
missão simples era além de rever o meu amigo, conseguir duas peças de sua autoria
para servir de arranjos. Iriam para a biblioteca – preste a ser inaugurada – da
nossa Escola Helena Braga, Bairro São José, em Santana do Ipanema.
O mestre Roninho
mandou imediatamente escolher as peças que poderiam me interessar. Escolhi as
duas ali mesmo no balcão entre tantas outras figuras bizarras produzidas com
rapidez. A figura de mulher conduzindo uma lata d’água à cabeça, ladeada por um
mandacaru e outra levando uma espécie de balaio, foram apontadas de primeira.
Alturas aproximadas de trinta centímetros iriam para as duas mesas grandes da
biblioteca. Na escola, quando a garotada viu as peças, quase não me deixou
guardá-las, com tanta admiração e elogio. Ah! Mas fiz questão que o mestre
Roninho assinasse nas suas criaturas. O artista foi lá e passou agilmente o
pincel com tinta branca, secando imediatamente o prateado.
“Artesão é um profissional
que fabrica produtos através de um processo manual ou com auxílio de
ferramentas. Sua profissão usualmente requer
algum tipo de habilidade ou conhecimento especializado na sua prática. No
período que antecede a Revolução Industrial a profissão está associada
à produção artesanato ou em pequena escala
de bens e produtos, quando artesãos se associavam em guildas ou corporações de
ofício.
No contexto contemporâneo, o artesão é aquele que produz itens de caracteres funcional
ou decorativo, conhecidos como artesanato, a partir do qual ele obtém a sua
renda”.
Preciso ainda dizer
que as peças obtidas ficaram na cortesia do artífice, modesto, simples como
água do pote.
Mestre Roninho... Gente
boa.
(FOTOS: ACERVO DE B. CHAGAS).
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