O CUSCUZ DA VELHA
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão
Alagoano
Crônica: 2.104
Civilização do milho,
o Nordeste brasileiro continua levando seus usos e costumes do sertão para o
litoral. São inúmeros os pratos regionais desse produto
originário das Américas. Entre as comidas costumeiras do (Zea mays), está o
cuscuz, o mais popular de todos. Rico em proteína, potássio e gordura, o milho
sustenta o sertanejo há séculos. Até certo tempo atrás, após a espiga ralada, a
massa era colocada em um pano dentro da cuscuzeira. O cuscuz fumegante aromava
toda a casa e saía em forma de montanha. Com mais moderno modo de fazer, o
cuscuz sai arredondado, pois no lugar do pano, tem-se um dispositivo vazado,
arredondado por onde sobe o vapor. Essa iguaria invadiu as capitais nordestinas
e até São Paulo onde existem vários lugares especializados no tema.
Existem
muitas histórias, piadas, brincadeiras sobre o cuscuz sertanejo de cada dia.
Hoje a massa já vem industrializada, cabendo ao usuário medir a quantidade,
colocar numa vasilha, acrescentar metade d’água, sal, misturar e aguardar por
uns cinco minutos. Terminado o prazo coloca-se na cuscuzeira no recipiente
vazado. Um pouco d’água no fundo da cuscuzeira vai ferver e, em carca de dez
minutos no fogo, o bicho estará cheirando nos quatro cantos da casa. Pode ser
servido de várias maneiras, a mais tradicional, porém, é com leite. Conhecido
como comida forte é bom para as longas caminhadas, trabalhos ou viagens. Em
Santana do Ipanema tem lugares que servem o cuscuz com carne de bode. Em
Maceió, na Serraria, tem a Casa do Cuscuz.
Pois a velha Totonha, sertaneja dura de
embarque, conseguiu chegar facilmente aos 97 anos de idade. Adoeceu, e ficava
muito pensativa ao receber visitas. Uma delas ousou perguntar se a mulher tinha
medo de enfrentar o outro mundo. A velha Totonha respondeu com a maior
desenvoltura: “Não tenho medo de morrer não, minha ‘fia’; somente fico
desgostosa em deixar o cuscuz com leite”.
E
o cuscuz vai com tudo: com leite, com carne assada, piaba torrada, torreiro,
pilombeta frita, charque, linguiça e... Deixe-me parar por aqui para não ter
que falar igual à velha Totonha.
Ah,
Sertão macho da gota serena!
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