quinta-feira, 25 de junho de 2020

GARRAFADA, BOTICA E REZADOR


GARRAFADA, BOTICA E REZADOR
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.333
 

      Médico no interior é uma coisa complicada. Santana do Ipanema passou um longo período sem um único médico, nem mesmo  particular. Quando adoecia alguém, recorria-se às ervas da periferia, às orações dos devotos, às garrafadas ou a rezadores e rezadeiras, como dizia o professor Alberto   Nepomuceno Agra, Meu grande mestre. Os mais abastados quando precisavam de serviços da saúde, podiam recorrer a Garanhuns, Palmeira dos Índios ou ao Recife. Mais tarde, o  hospital de Pão de Açúcar serviu para muito socorro santanense. Foi assim que chegou a Santana, o senhor Hermínio, da cidade de Viçosa e como prático curou muita gente em Santana, chegando até a abrir farmácia na cidade,
A vida de Moreninho daria um livro completo de casos e mais casos. Parecia o estadista inglês Winston Churchill, chapéu coco e charuto à boca. Muito querido, foi o médico ((sem ser) da grande maioria da população santanense. Essa foi A época dos rezadores e rezadoras famosas e garrafeiros famigerados. As rezadeiras (em algumas regiões chamadas benzedeiras) eram sempre encontradas nos sítios e na periferia  da cidade. Já os garrafeiros, não eram muitos assim. Tanto a rezadeira ou rezador quanto o garrafeiro ou a garrafeira, conheciam sobrando ervas, raízes, madeira e folhas da caatinga. Prestaram fundamentais serviços à população carente de doutores. Sobre parteiras e suas habilidades, ladeavam-se nesse misterioso destino de curas e de recepção de vidas.
Ainda hoje Santana é carente de médicos. Conversamos com vários dentistas e doutores de Maceió. Dissemos do progresso da cidade, pintamos tudo, mas sempre existiu uma evasiva em todos os consultados. Médico da capital parece pensar que interior é a selva amazônica. Daí batermos na tecla de primeiro conhecer todo o seu município, depois, todo o seu estado, para poder conhecer o mundo. O balançar do ramo não é tão raro assim, principalmente para quem adoece em final de semana se não for para o hospital do SUS.
Algumas rezadoras e rezador que partiram: Seu Francelino, Dona Lica e Dona Mocinha. Fica a nossa homenagem.
FOTO: BARBATIMÃO/DIVULGAÇÃO




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