MACAXEIRA OU MANDIOCA
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.330
RASPAGEM DA MANDIOCA (CRÉDITO: HONJO MOERTSCH) |
Macaxeira não é mandioca nem mandioca é
macaxeira. Assim como jumento não é burro e nem burro é cavalo. As duas raízes
pertencem a mesma família, porém, existe diferença significativa entre ambas e
denominações variadas nas regiões brasileiras. No Nordeste, macaxeira é uma
coisa, mandioca é outra. No Rio de Janeiro, macaxeira é chamada de aipim.
Numa farinhada, fabrico da farinha feita com a
mandioca, as pessoas rapam mandiocas aos montes. Vez em quando surge uma
macaxeira. Ela é identificada e consumida ainda crua. Mas não se pode comer a
mandioca porque ela possui veneno. Contém ácido cianídrico. É preciso ser transformada
em farinha e ficar livre do tóxico para poder ser consumida. Até o caldo
escorrido da mandioca após a prensagem, fica depositada resguardado dos
animais. É quando o povo diz: “Tire esse garrote daí, manipueira mata, Zé.
Podemos dizer, então, que macaxeira vai para
cozinha e a mandioca para a indústria. É fácil para o homem rural distinguir macaxeira de mandioca, mas o citadino, não.
Caso o amigo não conheça uma farinhada, não sabe o que está perdendo. É um
trabalho altamente gratificante e que naturalmente vira uma verdadeira festa.
Estamos nos referindo à farinhada tradicional e não a moderna o que deve ser
uma festa diferente. Nesta, o uso de máquinas reduz muito a quantidade de
trabalhadores homens e mulheres em suas funções e na alegria do todo. O fabrico
da farinha vai desde o litoral ao sertão. Pesquise a periferia da cidade ou capital.
A antiga canção de Jorge Curi diz bem da
farinhada.
Fui a uma farinhada
Lá na serra do Teixeira
Namorei uma cabocla
Nunca vi tão feiticeira
A meninada descascava
macaxeira
Zé Miguel no caititu
E
eu e ela na peneira...
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