NA
TORRE DOS SINOS
Clerisvaldo
B. Chagas, 29 de junho de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.334
Confirmamos para uma
pessoa interessada que o maior cartão de visitas de Santana do Ipanema, sem
dúvida alguma, continua sendo a Matriz de Senhora Santana. A sua belíssima
arquitetura resultante da segunda reforma dos anos 40, obedece às principais
linhas da capela de origem de 1787. Santana ainda não é oficialmente uma cidade
turística, mas a atração principal, no caso, seria o mirante do campanário onde
abriga três ou quatro sinos perto dos 35 metros de torre. Logo acima dos sinos,
está a engrenagem dos relógios gigantes das quatro faces do abrigo. Logo em
seguida vem uma plataforma estreita e externa por onde se alcança a cruz no
topo do edifício por uma escada de metal.
Para se chegar à torre
dos sinos, galga-se cerca de trinta degraus de cimento até o chamado “coro da
igreja”, um bom espaço onde o coral cantava ao som vivo de um órgão, tocado por
dona Maroquita, irmã do padre Bulhões, o reformador da igreja. Daí para a torre
dos Sinos, teríamos que subir uma escadaria de madeira. A segurança era pouca
e, no campanário com as quatro bocas em forma de portas abertas sem uma única
barra de ferro como proteção. Para se chegar até ali não era tão difícil.
Difícil mesmo era não se encolher no local ao apreciar a paisagem nas quatro
direções dos pontos cardeais. Estamos falando para quem tem medo de altura, como
nós. Mas havia quem subisse para consertar lâmpadas na cruz sem nenhum
equipamento, Gente de nervos de aço que ficava de braços abertos na cruz, cuja
camisa tremulava igual a bandeira nacional.
Quem teria feito aquela
escadaria de madeira? Não existe registros sobre a origens dos sinos, tocados
pelos ritmos mágicos do zelador e sineiro “Major”. A paisagem é plena a partir
do lado sul da torre, que se espraia para a região da serra Aguda. O lado Leste
foca nos telhados do comércio e parte da Avenida Coronel Lucena (foto abaixo).
O major, descendente de escravos, era o zelador da igreja. Idade avançada,
muito calmo, fala mansa, desfilava pela nave, descalço e nunca nos recusou à
subida até os sinos que ele tocava com a magia das suas mãos. Alma boa que deve
estar bem privilegiada no céu. Muito se tem a dizer sobre a Matriz e que não
cabe em apenas numa crônica.
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