LAMPIÃO E OS MÉDICOS DE
SANTANA
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de
junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão
Alagoano
Crônica; 2.324
DR. CLODOLFO. (DIVULGAÇÃO). |
Antes da década de 20, Mata Grande, cidade serrana do
sertão de Alagoas, tinha grande prestígio no interior originária da influência
de ter tido um governador alagoano. Havia ali certa estrutura de combate a
grupos cangaceiros. Em vista disso foi contratado o médico baiano, ainda jovem,
Dr. Arsênio Moreira da Silva para servir às forças naquele núcleo sertanejo.
Quando foi criado o 20 Batalhão de Polícia com sede em Santana do
Ipanema, de combate ao banditismo, o Dr. Arsênio Moreira veio servir em
Santana, tanto no Batalhão quanto em consultório particular. Foi o primeiro
médico de fora a clinicar na minha Terra.
Influência indireta do bandido Lampião. Não há uma só pessoa que o
conheceu em Santana que não faça rasgados elogios ao médico desde a sua educação,
coração bondoso e serviços prestados. Quando da fundação do primeiro hospital
da cidade, o nome escolhido para a fachada foi o do ilustre médico baiano. Foi
ele com as volantes até Angicos, após a morte de Lampião, examinar o frasco de
veneno que o bandido conduzia no bornal.
Quando Lampião invadiu a zona rural de Santana do
Ipanema, fez uma família mudar-se para a sede.
O senhor Marinho Rodrigues, proprietário rural, tornou-se comerciante de
secos e molhados no “prédio do meio da rua”. O seu filho Clodolfo Rodrigues de
Melo foi encaminhado aos estudos, conviveu com o contista Breno Accioly,
tornou-se médico e veio clinicar na sua terra. Foi o primeiro médico de Santana
filho da “Rainha do Sertão”. Faleceu recentemente com mais de 80 anos. O
segundo hospital de Santana o homenageia com o seu nome na fachada.
Arsênio atendia no casarão onde hoje é o museu.
Clodolfo tinha consultório na própria residência, na, hoje, Praça Senador Enéas
Araújo. Foi assim que o cangaceiro Lampião, praticando o mal, fez o bem sem
saber a Santana do Ipanema com os médicos ilustres que muito bem serviu a terra
de Senhora Santana.
Existe um trecho de avenida com o nome de Arsênio, mas
ele perdeu o título do primeiro hospital após o seu fechamento. A sua foto que
pertencia aquela unidade hospitalar, encontra-se atualmente no Museu Darras
Noya, lugar onde morou e clinicou;
Nota. Em foto antiga de Santana, domínio público,
aparece um senhor de branco no serrote do Cruzeiro, ao lado de outras pessoas.
Descobrir por acaso, que se trata do Dr. Arsênio, já com seus 40 a 55 anos.
Livro “230 Santana Iconográfica”, sessão Nostalgia. Relíquia da nossa história.
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