A BALA DA
BALADEIRA/SABIÁ E BACURAU
Clerisvaldo B. Chagas,
13 de janeiro de 2021
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica: 2.448
Dificilmente
você encontrará em Santana do Ipanema uma pessoa que saiba quem foi Batista
Accioly. Facilmente, entre os mais velhos, você encontrará quem diga que estudou
na Escola Bacurau, no Bairro São Pedro. Ninguém sabe de nada, ninguém lembra de
nada, pois a nossa história é só o presente. Não existe a história de Santana nas escolas,
muito embora essa tentativa infrutífera venha da nossa parte desde 2006 com o
livro “O Boi a Bota e a Batina; história Completa de Santana do Ipanema”. Vamos
relembrar aos mais velhos e surpreender os mais novos:
Entre
os anos 1937 e 1938, foi construído um prédio modesto em Santana do Ipanema,
com o intuito de escola para trabalhadores que não podiam frequentar suas instruções
pelo dia. O prédio foi edificado no Bairro São Pedro, vizinho a modesta
igrejinha do mesmo santo. Foi o primeiro estabelecimento escolar noturno da
cidade. Recebeu o nome de Escola Batista Accioly, governador de Alagoas desde
junho de 1915 e que veio a falecer em sua terra, Maragogi em 1938. Logo, logo,
a Escola Batista Accioly, recebeu pelo povo o apelido de Bacurau por funcionar
no turno noturno. Sua trajetória é uma história rica e à parte em minha terra.
O prédio é cheio de janelas, bem ventilado e iluminado pela luz do Sol. Mas, a
partir de aproximadamente 1960, ninguém na cidade sabia quem fora Batista Accioly,
somente o Bacurau. Muitas pessoas ilustres passaram por ali. O edifício venceu períodos
ociosos e períodos laboriosos.
Não
está com tanto tempo assim, o nome Batista Accioly (que ninguém sabia mais quem
fora) teve seu nome excluído e escrito na fachada: Biblioteca Municipal Profa.
Adercina Limeira. Sua simples citação faz lembrar o professor Agilson,
funcionário do Departamento Nacional de Estradas e Rodagens – DNER – lecionando
turmas grandes e particulares para o Admissão ao Ginásio, inclusive com este
narrador como aluno.
Estive
visitando o Bacurau e vi quatro ou cinco livros nas estantes praticamente
vazias. Por que o costume da terra de apagar homenageados para colocar outros
no lugar? Lembram também da Praça do Toco? Praça Emílio de Maia que recebeu o
mesmo destino? A falta de conhecimento das autoridades sobre nossos valores
históricos depreda mais o nosso patrimônio histórico do que os vândalos pichadores
e ladrões de placas inaugurais.
Você
já viu aquele tema usado pelos repentistas: “Voa sabiá/do galho da
laranjeira/que a bala da baladeira vem zoando pelo ar...”
Já
estou VOANDO.
ANTIGA
ESCOLA BACURAU. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).
Nenhum comentário:
Postar um comentário