COMPARANDO
Clerisvaldo B. Chagas,
19 de janeiro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.454
Sempre
lembrada pelos mais velhos e repetidas aos mais novos, a maior cheia do rio
Ipanema ficou imortalizada em 1941. Como marco, as águas chegaram até os pés do
prédio da Perfuratriz no final da Rua São Paulo. Esse prédio estava localizado
onde é atualmente, mais ou menos a sede da Associação de Moradores da Rua da
Praia, defronte a sua a igreja. O prédio da Perfuratriz, muito bonito, tinha forma
de cubo, rodeado de janelas. Diante dele, um caminho ladeado de aveloz iniciava
ali onde hoje é a Rua da Praia e seguia até o último beco da Rua São Pedro,
atualmente extinto por moradores. Esse caminho de cerca de 400 metros, parecia
um túnel, não deixava penetrar a luz do Sol por causo das cercas altas do
aveloz. Aponta-se como a segunda cheia
do rio Ipanema, a de 1960. Essa nós presenciamos de perto.
De
acordo com o cidadão de mais de 80 anos, Manoel Fontes, o senhor Pedro Agra,
falava que 100 anos antes da cheia de 1941, isto é, em 1841, houve cheia
semelhante.
Na
cheia de 1941, não havia ponte nem no rio Ipanema, nem no riacho Camoxinga. Na
cheia de 1960 não havia construções no leito do riacho e nem no lastro do rio
Ipanema.
Na
última cheia, a de 2020, pode até ter sido a maior, mas vamos levar em conta o
seguinte, no rio Ipanema: havia uma pequena aglomeração de casas, logo após a
barragem. Por trás da Rua Delmiro Gouveia, uma rua completa dentro do rio
Ipanema, não no centro, mas dentro do rio.
Mais abaixo, uma oficina debaixo da ponte General Batista Tubino. Casas
comerciais dentro do rio, trepadas por colunas. Rua da Praia construída no
limiar do Panema. Por onde você acha que o rio iria passar?
No
riacho Camoxinga, construções dentro do riacho a partir da Ponte do Colégio
Estadual. Antes, casarios margeando o riacho com seus quintais. Garagem
construída na foz do riacho Camoxinga. Além da sua cheia, o riacho represou com
o rio Ipanema, por onde você acha que riacho iria passar?
Essas
obstruções vêm sendo construídas desde os tempos da gestão de Genival Tenório.
Um dos seus auxiliares na época, diante da minha crítica, chegou a me oferecer
um lote no rio Ipanema, na Ponte do Padre. Agradeci e saí enojado. Daí para cá,
ninguém mais segurou as construções absurdas nos leitos dos riachos Salgadinho,
Camoxinga e rio Ipanema. Inclusive, o represamento do valente riacho Salgadinho
também foi responsável pela inundação da parte baixa dos Bairros Domingos
Acácio e Floresta.
Será
que depois do susto todos voltaram para os mesmos lugares? O rio continua vivo.
CHEIA
DO RIO IPANEMA, MARÇO 2020 (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES/ACERVO B. CHAGAS).
Nenhum comentário:
Postar um comentário