SONHO
DE CONSUMO DE ASSALTANTES
Clerisvaldo
B. Chagas, 5 de janeiro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.444
Os passeios pelos sítios da zona rural, proporcionam um prazer enorme, tanto pela comunhão com a natureza quanto pelas paisagens e boas surpresas encontradas. Mas esse prazer está cada vez mais arriscado em nosso sertão alagoano. A antiga tranquilidade do campo, foi substituída pela tensão nos passeios a pé, de moto e de automóvel. Os bandidos que antes atuavam somente nas cidades, passaram a utilizar o campo para surpreenderem suas vítimas. Ninguém pode mais circular sozinho pelos sítios. Vez por outra o transeunte dá de cara com um ou mais assaltantes que têm como preferência o uso de motos nas suas investidas. É o próprio matuto se modernizando para bandido e entrando na moda do que vê na televisão.
A
preferência dos assaltos e roubos dos bandidos são as motos e os celulares,
sonhos de consumo dos vagabundos. Mas também a sanha pelo dinheiro ou por
qualquer coisa de valor estão na pauta dos meliantes. Ultimamente dois sujeitos
usando motos, tiveram a ousadia de ataques à mulheres para roubarem as bolsas,
em pleno centro de Santana do Ipanema. Vejam a intrepidez numa cidade que
possui um batalhão de polícia e patrulhas dia e noite. Imagine agora, esses
bandidos nos desertos dos sítios emboscando pessoas e tomando a pulso. Foram
relatados no município esses assaltos nos sítios Queimadas do Rio e João Gomes,
ambos não muito distante da AL-230.
Entretanto, o mais provável é que não sejam bandidos importados, mas
instruídos e criados nos próprios sítios onde não é difícil a boca de fumo e
uso de drogas pesadas.
Quando
o padre Bulhões pegou o matuto no altar da Igreja Matriz de Senhora Santana,
acendendo um cigarro “pacaia” nas velas dos santos, indagou de onde ele era. A
resposta veio tão simples quanto a sua ingenuidade, referindo-se ao sítio onde
residia: “Sou do Mundo Novo, padre”. E o vigário Bulhões dominando a paciência
acrescentou: “Logo vi, logo vi. No mundo velho de meu Deus não existe uma coisa
dessas”.
Pois
os sítios do Sertão não pertencem mais ao mundo velho da segurança. Quando não
é o dente arreganhado do Covid, é a boca do revólver enferrujado do bandido.
Andar
pela zona rural só em “rebanho”, como fala o matuto, isto é, “Se correr o bicho
pega, se ficar o bicho come”.
Tem
jeito!!!
ZONA
RURAL (CRÉDITO: SERTÃO NA HORA).
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