O
BOI DE ZÉ CARLOS
Clerisvaldo
B. Chagas, 2 de fevereiro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.462
Manga
significa fruta, peça de roupa e mais uma porção de coisas dentro do nosso
Português. Para quem não sabe dos nossos
termos e costumes sertanejos, manga também representa uma extensa faixa de
terras coberta pela caatinga onde o gado vive à solta. Essa palavra é bastante
usada pelos latifundiários, trabalhadores rurais e especialmente a vaqueirama.
Estar em evidência nos últimos meses, a manga particular do senhor chamado José
Carlos dos Correios, da cidade pernambucana de Iguaracy. É que a manga de Zé
Carlos abriga o boi mais famoso do Brasil, no momento. Na sua última carreira,
a do dia 30 de janeiro, Salgadinho mais uma vez driblou os vaqueiros sergipanos
de primeira linha, fugiu e se escondeu na manga. Os titãs sergipanos retornaram
abatidos da carreira perdida, a quadragésima fuga do boi Salgadinho, apontado
como o mais inteligente do País.
Milhares
de pessoas se aglomeram na fazenda de Zé Carlos para apreciação das corridas.
Caminhões boiadeiros, Reboques para cavalos, bancas de arreios, barracos de
alimentos, filmagens com drones de vários canais dedicados ao esporte de cabra macho,
são presença obrigatória nas corridas de boi. Nesta última carreira foi
proibida a aglomeração que chegava a mais de três mil pessoas. Mesmo assim
ainda houve muita gritaria na saída do boi do jequi. Houve aposta de todos os
valores, mas sempre ganham os que apostam no boi. A maior atração do Nordeste,
hoje, é sem dúvida as carreiras tão aguardadas do Salgadinho. A expectativa é
enorme quando o senhor Assis e Zé Vaqueiro, os cuidadores de Salgadinho, chegam
com o boi amarrado para soltá-lo do jequi.
É
bom saber que os vaqueiros mais destacados do Nordeste em todos os nove
estados, já correram e perderam o boi Salgadinho: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Boi no mato, boi em monumento, realmente
merece uma estátua na principal avenida da sua cidade Iguaracy. O dinheiro
rolou com tantas apostas na cidade pernambucana fazendo circular a verba no
comércio da pequena urbe que virou destaque nacional.
E
se em Serrita existe a estátua ao vaqueiro, nada mais justo erguer a figura em
granito do boi que desafiou o Nordeste. “Ê Salgadinho/boi mandingueiro/corre no
espinheiro/ E não pisa no chão...” Muitas outras toadas e canções estão
espalhadas em homenagem ao mito dos sertões.
MOMENTO
EM QUE SALGADINHO É CONDUZIDO AO JEQUI PARA INICIAR MAIS UMA CORRIDA. (CRÉDITO:
BLOGTVWEBESERTÃO.COM. BR.).
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