CASACA-DE-COURO
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de janeiro de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2;640
O dia
amanheceu muito bonito, céu azul claro com nuvens esparsas, apesar da
temperatura desse período que atinge os 36 graus, caindo à noite até os 24. Uma
diferença enorme de variação térmica, que racha facilmente as pedras mais
resistentes do Sertão. Mas, parecia que alguma coisa boa iria acontecer, era
uma algazarra enorme da passarada. Passou nos ares um bando fazendo alarido de
alegria. Os pássaros da rua responderam em coro e depois os pardais escoltaram
uma solitária rolinha a catar pequenas pedras na rua. Se eu fosse viciado em
jogo de bicho e na roda tivesse “passarinho”, seria a ocasião perfeita para
jogar. Pois, ainda a vizinhança coloca um forró de Jacson do Pandeiro que dá um
show sobre a casaca de couro, você já ouviu?
A
casaca de couro (família Furnarildae) é ave passeriforme endêmica do Nordeste
brasileiro. Sua plumagem é de um amarelo cremoso muito bonito e tem como
atração o seu ninho de todos os tipos de garrancho que chama atenção de longe.
O seu canto também é muito atrativo pois canta em dueto como se uma delas
cantasse e outra respondesse. Escute o Jacson que você entenderá melhor. Ah,
foi ali nas minhas andanças pela zona rural, no sítio Icó, em Santana do
Ipanema, bem perto do conhecido Campo de Aviação que eu conheci as três
atrações: a ave, o canto e o ninho. Terreno de barro vermelho, amplo terreiro
limpo e plano... Cadê vontade de ir embora, preso por aquele espetáculo para
turista. Sertão é mesmo coisa de Deus!
O
sítio Icó fica a 6 km do centro de Santana do Ipanema. Icó significa arbusto ou
árvore arbustiva, porém venenosa e que os cavalares não podem comer. Não são
poucos os que falam erradamente, Incó. Pois, ali no Icó senti-me bem à vontade
na casa de fazenda de Dona Maria, conhecida como fabricante artesanal de
queijos. Fiquei tão distraído que não tentei saber se por ali ainda se podia
ver um pé da planta que dá nome ao sítio. Também, com o espetáculo das
casaca-de-couro e a beleza do lugar!... Pela noite não sei que todo sítio nas
trevas é esquerdo, mas naquela hora senti que seria um grande privilégio morar
naquele paraíso. Desculpem amigo e amiga, se não gostam do tema, mas não pude
resistir à crônica porque o dia estava muito profundo para os passarinhos.
NINHO
DE CASACA-DE-COURO. (CRÉDITO: WIKI AVES/LUIZ GONZAGA).
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