terça-feira, 11 de janeiro de 2022

 

CASA DE TAIPA

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de janeiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.639

 A casa de taipa representa a pobreza do Brasil passado em todas as regiões brasileiras, notadamente no Nordeste. Do litoral ao Sertão a casa de taipa sempre esteve presente respeitando algumas formas de arquitetura. As belas cenas em telas românticas do litoral, continuadamente, mostravam a casinha de taipa coberta de palha sob os coqueirais. No Sertão, elas apareciam principalmente na zona rural, nos sítios, nas fazendas, cobertas de palhas do coqueiro Ouricuri ou mesmo de telhas de barro. Consiste a casa de taipa numa construção cuja estrutura é feita de varas entrançadas e preenchidos seus espaços com argila local jogada e alisada à mão. A personagem famosa do cangaço, Maria Bonita, morava em casa de taipa. Apesar de programas para a erradicação desse tipo de moradia, ela ainda se encontra fortemente na ativa nos estados nordestinos.

A disseminação da casa de taipa foi justamente pelas precárias condições do usuário que procurou o material encontrado nas imediações mais a habilidade artesanal do vizinho, do parente, do amigo. A construção da morada muitas vezes foi comemorada com cachaça, tira-gosto e coco de roda no amassar do barro com os pés no ritmo musical e no jogar o barro no quadrado das varas que formavam as paredes. Essa comemoração para incentivar a vizinhança na ajuda, chamava-se: ”Tapagem de casa”.  E tinha gente que andava mais de uma légua (12 km) para não perder uma tapagem de casa. Essa construção artesanal pode até ser muito bem feita, resistir à chuva e ao Sol, durante mais de cem anos, desde que exista sempre manutenção.

Quando a casa de taipa vai ficando velha, a preguiça do seu habitante, a idade ou miserabilidade, deixam cair pedaços da parede, muitas vezes cobertas por lona preta de plástico fino. As frestas criadas no barro podem abrigar o “barbeiro”, inseto terrível conhecido pela Doença de Chagas. Daí um dos motivos da erradicação. A tapagem de casa ficou imortalizada no romance Curral Novo, do escritor palmeirense, Adalberon Cavalcante Lins, para mim o melhor escritor do mundo.

E como Deus não discrimina moradias humanas, leva o brilho do Sol e da Lua também aos litorais e sertões do homem trigueiro e da cabocla amorosa da casa de taipa.

CASA DE TAIPA (CRÉDITO: PORTAL APRENDIZ)

 

 


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