CASA
DE TAIPA
Clerisvaldo
B. Chagas, 12 de janeiro de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.639
A casa de taipa representa a pobreza do Brasil
passado em todas as regiões brasileiras, notadamente no Nordeste. Do litoral ao
Sertão a casa de taipa sempre esteve presente respeitando algumas formas de
arquitetura. As belas cenas em telas românticas do litoral, continuadamente,
mostravam a casinha de taipa coberta de palha sob os coqueirais. No Sertão, elas
apareciam principalmente na zona rural, nos sítios, nas fazendas, cobertas de
palhas do coqueiro Ouricuri ou mesmo de telhas de barro. Consiste a casa de
taipa numa construção cuja estrutura é feita de varas entrançadas e preenchidos
seus espaços com argila local jogada e alisada à mão. A personagem famosa do
cangaço, Maria Bonita, morava em casa de taipa. Apesar de programas para a erradicação
desse tipo de moradia, ela ainda se encontra fortemente na ativa nos estados
nordestinos.
A
disseminação da casa de taipa foi justamente pelas precárias condições do
usuário que procurou o material encontrado nas imediações mais a habilidade
artesanal do vizinho, do parente, do amigo. A construção da morada muitas vezes
foi comemorada com cachaça, tira-gosto e coco de roda no amassar do barro com
os pés no ritmo musical e no jogar o barro no quadrado das varas que formavam
as paredes. Essa comemoração para incentivar a vizinhança na ajuda, chamava-se:
”Tapagem de casa”. E tinha gente que
andava mais de uma légua (12 km) para não perder uma tapagem de casa. Essa construção
artesanal pode até ser muito bem feita, resistir à chuva e ao Sol, durante mais
de cem anos, desde que exista sempre manutenção.
Quando
a casa de taipa vai ficando velha, a preguiça do seu habitante, a idade ou miserabilidade,
deixam cair pedaços da parede, muitas vezes cobertas por lona preta de plástico
fino. As frestas criadas no barro podem abrigar o “barbeiro”, inseto terrível
conhecido pela Doença de Chagas. Daí um dos motivos da erradicação. A tapagem
de casa ficou imortalizada no romance Curral Novo, do escritor palmeirense, Adalberon
Cavalcante Lins, para mim o melhor escritor do mundo.
E
como Deus não discrimina moradias humanas, leva o brilho do Sol e da Lua também
aos litorais e sertões do homem trigueiro e da cabocla amorosa da casa de
taipa.
CASA DE TAIPA (CRÉDITO: PORTAL
APRENDIZ)
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