ESCRAVIDÃO ANIMAL
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de janeiro de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.650
Correu
mundo a imagem do carroceiro que em Maceió transportava a carcaça de um fusca e
foi preso. Enquanto estivemos em Maceió por longo período, sempre ficamos
inturidos com cenas semelhantes de peso excessivo nas carroças e no maltrato
aos animais. Esse negócio de tração animal em zona urbana é um desastre. Sempre
defendemos (em mais de um artigo) que os carroceiros deveriam fundar uma associação
com ajuda das autoridades para facilitar a compra de motos e de carrocerias
seguido de curso de condutor. Erradicar de vez o trabalho escravo dos animais e
continuar ganhando o sustento da família. Já existe isso no estado de Goiás, se
não estamos enganados. Vimos muitos cavalos velhos, torturados, esqueléticos,
trabalhando nas carroças em Maceió. Só faltavam cair a qualquer momento,
mortos, no meio do trânsito.
Em
Santana do Ipanema, os carroceiros trabalham com burras, não existe burro e nem
cavalo. Os animais são bem zelados e adquiridos na região de Palmeira dos
Índios. Mesmo assim, vez em quando acontece caso estúpido que vai parar na
delegacia. Não existe na cidade uma associação protetora de animais. O ser
humano continua bruto e descontando os dissabores de casa no pobre animal de
trabalho que não tem como se defender. Uma covardia espetacular que se inicia
no açoite ao animal o dia inteiro, muito mais pelo vício de bater de que
qualquer outro motivo. Até filhos pequenos de carroceiros são flagrados
conduzindo e batendo de relho nas burras, sem parar, pelo exemplo que tem em
casa.
A
propósito, uma explicação: A burra é muito mais eficiente no mister da carroça.
O burro não aguenta o rojão de puxar carroça o tempo todo. O jumento é para
carregar peso no lombo e, o cavalo não é apropriado para esse tipo de trabalho.
Costuma abrir os peitos pelo esforço, dito pelos próprios carroceiros. Cavalos
e jumentos são impróprios para subir e descer serras com cargas, logo adoecem e
morrem. Nesse caso o burro não enjeita parada para o trabalho de subir e descer
os montes bem como para longas caminhadas, o que os outros animais não fazem. O
mundo doméstico tem muitos segredos dominados pelos especialistas.
São
parecidos, mas não confundir jacu com urubu.
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