domingo, 18 de fevereiro de 2018

SIM À MOCOCA, NÃO À MACACOA


SIM À MOCOCA, NÃO À MACACOA
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de fevereiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.845

MOCOCA (DIVULGAÇÃO).
     Aos oito anos vivendo por uns tempos em Maceió, já ouvia a propaganda agradável que me chamava atenção: “A vaquinha Mococa está falando/a vaquinha Mococa está dizendo/beba leite em pó Mococa...” E um mugido longo e saudoso de sertão fechava a propaganda: “moooon...”. Minha tia, Carminha Braga, sempre comprava o leite em pó que vinha com uma vaquinha simpática desenhada no pacote. E como vai bastante tempo, pensei até que não existisse mais a marca. Olha a surpresa! Estava escrito na notícia: “Unidade da Mococa fechou e deixou 157 desempregados no interior de São Paulo”. Corri os olhos na Folha e vi que era mesmo a Mococa do meu tempo de criança.
     O lado ruim ficou para o município paulista de Cerqueira César, onde a Mococa possui uma unidade de produção de leite UHT. A unidade foi fechada no último dia 6, deixando de produzir 500.000 litros de leite longa vida por dia. A sede da empresa é na cidade de Mococa, onde tudo começou em 1919, produzindo manteiga artesanal. Em 1930 já produzia em escala de indústria.  Entretanto, a unidade de Cerqueira César será vendida e, produtores de leite já estão fornecendo para outras marcas implantadas na mesma cidade. A empresa, por questões estratégicas, quer migrar para outros segmentos de derivados lácteos, terceirizando e produzindo achocolatados. Essa parte ruim é o problemão que a empresa deixa para seus fornecedores, desempregados e a circulação do dinheiro em Cerqueira César.  
     O lado bom é que essa indústria estará funcionando dentro de poucos meses em Alagoas, produzindo achocolatado. Não sabemos como a Mococa foi atraída para essas bandas, provavelmente pela política de governo em trazer mais indústrias com incentivos para o nosso território. Como já existem dois gigantes do leite e derivados em Alagoas (Palmeira dos Índios e Batalha) vem à indagação onde será implantada a Mococa. Tão bom que fosse em Santana do Ipanema, mas nem sonhando! As autoridades nunca deixaram que fosse implantada em Santana sequer uma fábrica de quebra-queixo. Mesmo assim, seja onde for, sendo em Alagoas já está de bom tamanho.
É o leite Mococa da minha infância. Bom, muito bom.
                                                                                                                         



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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O CRUZEIRO


O CRUZEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2018
                                      Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.844

Primeira capa da revista O Cruzeiro, em 1928. (Arquivo).

Estamos em torno dos 41 anos do fechamento da revista de circulação nacional, O Cruzeiro. Foi uma revista de grandes reportagens e alto padrão lançada no Rio de Janeiro em 10 de novembro de 1928 e perdurou até 1975. Era editada pelos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Em 1960 recebeu novo design editorial que ficou conhecido como “bossa nova”. A revista O Cruzeiro foi a principal revista ilustrada brasileira. Com inovações gráficas, publicações de grandes reportagens com ênfase ao fotojornalismo, estabeleceu linguagem nova na imprensa do Brasil. Reportagens de grande repercussão surgiram em parceria com a dupla repórter-fotográfico, sendo a mais famosa a formada por David Nasser e Jean Manzonque, anos 40 e 50.
O Cruzeiro falava dos astros de Hollywood, cinema, esportes e saúde e ainda divertia com charges, culinária e moda. Foram feitas reportagens como Lampião, Floro Novais, entrevistas com cangaceiros e cangaceiras e cobertura do suicídio de Getúlio. Chegou a atingir uma tiragem de 720.000 exemplares, quando a maior fora 80.000. Dizem que nos anos 60, O Cruzeiro entrou em declínio por má gestão, sem o uso de suas fórmulas e o surgimento de novas publicações como as revistas Manchete e Fatos e Fotos. O ano de 1975 marcou a consagração da televisão e o declínio dos Diários Associados. Claro que todo veículo de comunicação tem sua tendência, sendo assim também com esta revista.
Nos anos 60, apesar de gostamos de gibis, como Tarzan, Kid Colt, O Fantasma e outros, aguardávamos também O Cruzeiro, para olharmos na última página, a charge do Amigo da Onça. As revistas chegavam para Dona Maria, esposa do alfaiate, Seu Quinca, à Rua Nilo Peçanha (Rua da Cadeia Velha). Dava gosto receber tantas revistas cheirosas das gráficas brasileiras. Muitas vezes quando as revistas chegavam, já estávamos aguardando na casa de Dona Maria, que era uma pessoa paciente e agradável.
A polêmica da estátua em homenagem ao jumento e seu tangedor, em Santana do Ipanema, foi mote desta revista em longa reportagem falando dos dois lados da questão, entre o prefeito da época e o vereador Everaldo Noya.
Que lembranças da qualidade em comunicações!




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