terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

IBIAPINA

IBIAPINA
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de fevereiro de 2012

           Os verdadeiros valores de duas pernas às vezes caem no esquecimento, uns para sempre, outros hibernando. Só há pouco tempo, nós do Nordeste ouvimos falar em frei Galvão. Em um canal de TV, uma pessoa palestrava sobre a vida do santo, fazendo-me lembrar do cordel lançado por Manoel Monteiro, sobre a vida do padre Ibiapina. Esse personagem também é lembrado com insistência no livro da escritora alagoana Luitgarde Oliveira, sobre o cangaço. Segundo o autor cordelista, nasceu José Antonio Pereira Ibiapina, em uma fazenda de Sobral chamada Morro do Jaibara, em 05 de agosto de 1806. O pai havia se metido na política e foi fuzilado, um irmão foi para o degredo em Fernando de Noronha e, a mãe de Ibiapina morreu. Os seus planos de se tornar sacerdote foram adiados para que ele pudesse tomar conta dos irmãos. Ibiapina mudou-se para Pernambuco, ingressou em um Curso Jurídico e, em 1828, saiu formado em Direito. Aos 26 anos, o jovem estava para casar quando a moça fugiu com um primo. José Antonio foi ainda Delegado e juiz em Quixeramobim. Após pelejar no campo jurídico, Ibiapina abandonou tudo e dedicou-se à Igreja aos 47 anos de idade.
          Naqueles tempos de secas e doenças como o sarampo, tifo, malária, padre Ibiapina começou a percorrer os estados do Ceará, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba, socorrendo os pobres como podia. Como as pessoas eram sepultadas nos lugares ermos, o padre chegou a construir dezoito cemitérios. Construiu estradas, igrejas, capelas, reforma em Matriz. Abriu poços, construiu escolas, casas de caridades e abrigos para órfãos. Açudes não foram esquecidos pelo padre que procurava matar a sede do povo. Inúmeros lugares foram beneficiados pela sua força como São Pedro, Santa Luzia, Brejo Santo, Sobral, Areia, Missão Velha, Gravatá do Jaburu, Crato, Barbalha, Açu, Baixa Verde, Santa Fé, Bezerros, Mossoró, Souza, Cajazeiras, Milagres, Porteiras, Goianinha, Serra da Mãozinha, Bananeiras, Jaicós, Mata Virgem, Santa Cruz, Araripina, Flores, Salgueiro e outros lugares mais.
          Ainda segundo, o autor, o padre Ibiapina encerrou seus feitos no planeta Terra em 19 de fevereiro de 1883, com 77 anos de idade. Expirou em solo paraibano em casa que ele próprio fundou, na freguesia de Arara. Sua “viagem” aconteceu às 15 horas, após o padre dizer: “Estou vendo Maria, ela me chama, já vou”. E assim partiu IBIAPINA.


















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