O HOMEM GELADO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de fevereiro de 2012
Quando o assunto é futebol, o torcedor brasileiro tem acompanhado a Seleção com olhares de jacaré, quando muito como os de hipopótamos. A euforia típica da nossa pátria foi desaparecendo com as decepções que se acumulam, deixando a pergunta rolando no espaço qual folha de algodão seda. O algodão seda é uma planta típica do sertão nordestino, pequena, esverdeada e feia que nasce em lugares mais degradados pelo homem. Além de bastante frágil, apresenta uns rolos parecidos com jenipapo ou legítimos papos de peru. Daquele complexo no meio do cercado, desprende-se o tal algodão seda, quase transparente que é levado pelo vento brando; ora sobe, ora desce e voa para todos os lados conforme os caprichos da aragem. Pois assim vai se sentindo o torcedor da amarelinha, muitas vezes, além da decepção, revoltado com a peste da frieza do treinador. Sentimos que do jeito que vai a coisa, vamos ficando cada vez mais distante da liderança mundial da redonda. A incerteza corrói há muito a segurança do fanático, do comum, do esporádico. Escolheram um homem para comandar a equipe brasileira que parece sem emoção, sem sangue e sem assunto.
Bolando aqui, bolando ali, a seleção brasileira parece contaminada com o ritmo sem ritmo do treinador. Vamos apreciando aquela coisa irritante, peladeira, sem vida que provoca dor até em dente de alho. Não duvidamos da capacidade dos jogadores convocados, mas é um harém para um pobre coitado que não sabe nem começar. Assim a tristeza bate no peito de cada um e, amigos e familiares, na poltrona, entreolham-se com um sorriso amarelo após o jogo e deixam escapar sonoros palavrões com o desempenho do amontoado de Mano Menezes. Duvidamos todos que o Brasil possa chegar a lugar algum, com isso que está aí. Se treinador ganha jogo ou não ganha, mas deixa passar para a torcida uma sensação de poder mágico que influencia o ânimo de quem ouve uma entrevista. Esse empurra-empurra com a barriga que o técnico vem fazendo não deixa esperança nenhuma no bisaco. O senhor Mano não tem carisma algum e poderá até chegar a ser o campeão do mundo, mas até agora parece apenas um galego que tenta levar o povo com palavras.
O jogo de hoje, seja qual for o resultado, não irá provar nada. Se o Brasil ganhar, “ganhou de uma seleção fraca que até a minha avó ganharia”. Se o Brasil perder, “perdeu por que o frio intenso da Europa dominou os jogadores, já era esperado”. E se empatar, sem dúvida alguma ainda será o pior resultado, pois alimentará com colher gigante a incerteza que vem predominando. Quem quiser apostar a hora é essa. Ganhando, perdendo ou empatando a desconfiança ainda reinará no deserto, na praia, na montanha ou sob belíssimas nevascas para congelar ainda mais o técnico Mano Menezes, o HOMEM GELADO.
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