quinta-feira, 27 de março de 2014

ESCRITORES E GAZETA DE ALAGOAS REDESCOBREM RIO IPANEMA (IV)



ESCRITORES E GAZETA DE ALAGOAS REDESCOBREM RIO IPANEMA (IV)
(Série de 5 crônicas)
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de março de 2014
Crônica Nº 1159

Escritor e geólogo Clerisvaldo B. Chagas fala à TV Gazeta. Ao fundo, foz do Ipanema (verde) e rio São Francisco. Foto: Manoel Messias.

Parte física da barra do Panema

Estava tudo registrado no livro “Ipanema, um rio macho”, paradidático que concedeu identidade e CPF a Santana.
Vinha à cabeça qualquer sentido de mudança em relação ao paupérrimo povoado Barra do Panema. Aquele mesmo povoado em que eu chegara a pé vindo da minha cidade através do rio Ipanema, com meus companheiros, radialista Wellington Costa e João Soares Neto (João Quem-Quem), em janeiro de 1986.
A região toda é formada de solo pedregoso com um mar de pedras soltas fragmentadas de grandes rochas desnudas. As enxurradas cada vez mais agem no solo raso deixando à mostra a formação rochosa. A expressiva variação de temperatura entre o dia e a noite, fragmentam as matrizes, deixando que as enxurradas cuidem do restante, é a chamada meteorização.
Equipe da TV Gazeta entrevista  Clerisvaldo B. Chagas em morro-ilha do rio São Francisco. Foto: Marcello Fausto.
A estrada agora estava boa e larga, completamente forrada de terra e pedregulho. Marcílio conduzia o automóvel velozmente, levando os escritores Clerisvaldo B. Chagas e Marcello Fausto (irmão de Marcílio) e mais o diretor de meio ambiente de Santana, Manoel Messias. Atrás seguia o jipão de reportagem da TV Gazeta de Alagoas com o trio profissional. Já havíamos entrado na tarde do dia 21 de março de 2014, ao deixarmos o sítio Telha. Ao vencermos seis ou oito quilômetros, chegamos ao povoado Barra do Panema, lugar pertencente ao município ribeirinho de Belo Monte. O povoado está à jusante da sede aproximadamente a seis quilômetros.
É a esquerda do povoado aonde o rio Ipanema forma a sua foz, desembocadura ou barra, como é chamada no sertão. A barra não havia mudado em nada, nesses quase trinta anos da nossa primeira visita. A mesma planície de aluvião; a foz em forma de delta, pela ilha de material trazido pelo rio Ipanema, sempre rasa, aplainada pelas cheias do São Francisco; a várzea inundável na margem esquerda; o povoado na margem direita; o morro-ilha defronte a foz, no meio do rio São Francisco; a igreja de N.S. Assunção no cimo do morro com seus túmulos defronte, onde o padre penedense Francisco José Correia de Albuquerque (um dos fundadores de Santana) pregava e vaticinava; tudo continuava como antes.
Guardiões do Rio Ipanema com a reportagem da TV Gazeta. Foto: Marcílio.
O rio São Francisco, assoreado, não oferecia mais o caminho de praia para se chegar pelo lado oposto do morro. Fomos de barco para a face do monte, lado da foz do Ipanema. Fizemos como cabritos escalando a parte íngreme do morro de N.S. dos Prazeres.Filmagem, entrevistas, fotos, realizadas no alto, foram complementadas pelo som de forró com pandeiro, triângulo e zabumba no barco e nas barracas da praia, guiado pelo também forrozeiro Manoel Messias.
Sobre as cheias do Ipanema, disse um pescador: “O Panema quando dá uma cabeçada, rasga o São Francisco no meio e vai mexer nas ilhas do lado sergipano”. Ô Ipanema, um rio macho!
Momento de lazer dentro do barco. Foto: Clerisvaldo.
Tudo ali já havia sido descrito no livro de Clerisvaldo B. Chagas, mas as belezas naturais e exóticas do lugar precisavam ser mostradas ao mundo. A TV Gazeta de Alagoas iria complementar o trabalho de B. Chagas.
O social do povoado e a peixada ficam para amanhã, a última crônica da série de cinco.





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