domingo, 9 de setembro de 2018

A SURPRESA DE SETEMBRO




A SURPRESA DE SETEMBRO
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de setembro de 2018
                                      Escritor Símbolo do Sertão Alagoano                                     
Crônica: 1.979
MINHA RUA. FOTO: (CLERISVALDO B. CHAGAS).

Meu amigo, setembro desta vez resolveu fazer diferente. Quando todo o Sertão reclama da seca e o governo inicia os preparos de carros-pipa, o mês em curso mostra a outra face. Desde a madrugada do sábado para o domingo, o fervilhar na telha acompanhou a madrugada. Naquelas horas misteriosas não poderia a temperatura está em menos de 18 graus. Pense no quentinho dos lençóis da sua cama e a frieza danada das horas mortas lá fora. E no decorrer de todo o domingo, seus planos de sair de casa escorrendo pelo meio fio, lhe empurrando novamente para a cama, para a preguiça, após um cafezinho quente. Manhã, tarde e noite, nenhum pé de pessoa na rua, como costuma dizer o sertanejo.  Uma solidão sem fim... Uma saudade do não sei o quê.
Abro o portão da minha casa; a chuvinha cortando sem parar contraria o mês da primavera. E para provar as palavras acima decantadas, meto a máquina entre o líquido cristalino dos céus e zás!... Carimbo atestado cinza do tempo chuvoso, do calçamento molhado, da nostalgia da rua deserta. Que vontade medonha de cantar velhas melodias, de fazer um martelo agalopado com o tempo; de beijar, copular, dormir... O balanço das estações modernas contraria a climatologia de Maju. E o nervosismo reinante no espaço mexe com o interior de cada um. E os gatos? Por onde andam os gatos espiões dos muros? Na certa, enroscados na quentura dos fogões de pedra, nos panos velhos dos donos, nos sonhos distante das caçadas. Ainda é resto de inverno e nem se pode dizer que o tempo estar errado.
Nessa segunda, tudo voltará à velha rotina. O padeiro buzinará logo cedo com sua irritante corneta. O leiteiro rondará na sua moto esquisita. O famoso carro do ovo não deixará de aparecer e, as mães passarão com as crianças para a escola. As ruas continuarão com o zum-zum-zum de sempre e nós vamos escalando a esperança para ir à frente. Uma esperança que de vez em quando morre e ressuscita como Jesus. Assim é a vida jogando para cima e para baixo os desenganos.
É dia de trabalho, gente!
Deixemos os mistérios para o Mestre dos Mundos.

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