PADRE BULHÕES/ MUNDO
NOVO E A MISSA DOS MATUTOS
Clerisvaldo
B, Chagas, 11 de setembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão
Alagoano
Crônica: 1.980
Nascido no povoado de
Entremontes, Piranhas, o padre Bulhões foi pároco de Santana do Ipanema
durante, aproximadamente, 30 anos. Foi a figura mais importante da “Rainha do
Sertão” no período 1920-1950. A partir de 1936, passou a dividir seu prestígio
regional com o, então, major José Lucena de Albuquerque Maranhão. Foi ele quem
fez a segunda grande reforma da Igreja Matriz de Senhora Santana, como
externamente ora se apresenta. Participou do movimento de resistência à entrada
de Lampião a cidade em 1926. Movimentou Santana a favor dos flagelados da seca
acampados no leito seco do rio Ipanema. Foi um dos membros fundadores da Escola
Cenecista Ginásio Santana. Entre outras coisas, recebeu o filho do cangaceiro
Corisco, para criá-lo.
Apesar de ter sido
tão importante para a região, ninguém que o conheceu de perto escreveu a sua
vida que daria um livro de memórias que honraria Santana do Ipanema. O padre
gostava de repetir frases e dizia o que bem entendia, de bom ou de ruim. O povo
ria das suas tiradas, tolerando o nervosismo do sacerdote perto da fase final
da sua vida. Certa vez um matuto entrou na igreja, de chapéu, procurando fogo
para acender o seu cigarro de fumo grosso. O padre via tudo da parte alta da
nave. O matuto se dirigiu ao altar, onde havia uma vela acesa e começou a
acender o “pacaia” e a baforar. O padre chegou de mansinho e indagou: “De onde
você é?”. E o matuto respondeu referindo-se a um sítio da zona rural: “Sou do
Mundo Novo, padre”. E o sacerdote, guardando o esporro que costumava dar nos esquisitos,
disse exercitando a paciência: “Logo vi, logo vi, pois no mundo velho de meu
Deus, não existe dessas coisas, não”.
São muitas as
histórias do padre que muito fez por Santana. Em sua homenagem, a ponte que
liga o Comércio ao Bairro Camoxinga, chama-se “Ponte Cônego Bulhões”,
simplesmente apelidada pelo povo de “Ponte do Padre”. Continua ainda hoje as
missas do sábado, dia de feira, celebrada às 9.30. O povo da zona rural
aproveita a vinda à cidade para assistir a celebração que por isso ficou conhecida
como “a missa de matuto”
Não gosto de perder a
missa dos matutos.
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