O CAMINHEIRO
Clerisvaldo B. Chagas,
2 de dezembro de 2018
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica: 2.018
Deus resolveu dar uma
caprichada no dia de hoje aqui no Sertão das Alagoas. Pintou o céu com nuvens
de chuvas, mas nada de enviar o líquido precioso. Pareceu que o tal efeito
estufa estufou mesmo o espaço, segurando forte o cabresto do vento. Foi um dia abafado em
Santana do Ipanema sem arrego das frondosas árvores que refrescam a zona rural.
Dia marcado para o Clero velho de guerra refletir no abrigo da caverna. 72 anos
de estrada, escalando serras, vadeando rios, aspirando flores e arrancando
espinhos. Para o velho a vida é curta, para o jovem, cumprida. Assim vai
desfilando os arcanos nos mistérios infinitos mapeando os passos do caminheiro,
suas dores, suas angústias e seus triunfos. E a reflexão da idade é boa ou ruim
conforme o estado de espírito do navegante.
Estou agradecendo a
Deus mais um ano de existência no privilégio da vida. E agradecendo também por
não ter sido um inútil vindo a passeio ou revoltado querendo retorno. Sou grato
aos milhares de ex-alunos que me deram sentido à existência. Sou grato aos
milhares de leitores que seguiram comigo nos enlevos dos escritos. À infância
feliz e cheia de interrogações que me forjaram para árduas e reluzentes
jornadas. O clima da vida muda constantemente, assim como muda o tempo no dia
atrás do outro. E quando as corujas crocitam nas noites mais escuras, é sinal
que o galo logo anunciará a luz que ilumina o mundo. Para quem caminha à sombra
do Mestre, não há o que temer. Assim vamos, matulão às costas, pisando as
areias, a relva, o regato... Vista no horizonte, olhos nas estrelas.
Para quem passou a
vida em desafio
Com suor na conquista
do seu pão
Jorrando o amor do
coração
Venceu da maldade o
poderio.
Da bem-aventurança
fez um rio
Para uso sem tempo e
sem horário
As virtudes ganharam
o campanário
Elevando essa voz estremecida
Se a vontade do Pai marcou-me a vida
Sou feliz em mais um
aniversário
FIM.
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