SERTÃO
GOSTOSO
Clerisvaldo B.
Chagas, 6 de dezembro de 2018
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.020
SERRA AGUDA (FOTO: B. CHAGAS). |
Novamente
o tempo mudou completamente, ontem, em Santana do Ipanema e sertão inteiro. E
como dissemos anteriormente, ficamos aguardando pelo dia os locais chovidos na
noite anterior. E as notícias foram excelentes para a faixa sertaneja do Rio
São Francisco e proximidades, como Pão de Açúcar, Belo Monte, Delmiro Gouveia,
Batalha, Jacaré dos Homens, Jaramataia e o grande sítio Olho d’Água do Amaro,
entre Santana e Senador Rui Palmeira. Só não sabemos se isso é suficiente para
evitar carro-pipa rodando nas caatingas. Na tarde de ontem, quarta, o tempo
voltou a cercar a nossa Capital do Sertão com nuvens pesadas e muito escuras. E
pelo que se via no céu, a cidade ficou até receosa de uma pesadona daquelas.
Pela
tardinha o velho trovão voltou a arrotar muito valente. No início parecia
móveis arrastados na sala. Rsssss... Depois imitando mil bombas de São João:
ssstbum... Bum... Bummmmm!... “Corre, menino – o menino sou eu mesmo – feche a
porta da rua e dos fundos que o trovão está valente!”. Kkkkkk, eu sozinho em
casa criando personagens. Caem os primeiros pingos com o espaço recomendando
cautela. O trovão abusado ronca e o relâmpago clareia o mundo, Zé! Ligar TV é
muito perigoso nessas circunstâncias. E logo na hora do Jornal, amigo!
Computador? Nem pensar! “Corre, Zezinho, vá espiar o cuscuz no fogo, menino
danado!”. Virei-me no Zezinho e corri lá. “Não esqueça às velas, caixa de
fósforos e lâmpada de emergência... A luz apaga nestante!”.
O
vento levou as nuvens para distante da cidade e ficaram apenas as ameaças do
trovejar e a insistência do relâmpago. Tempo limpo novamente, vamos registrar
os fatos. Para o novo amanhecer, ficamos aguardando o paradeiro das chuvas.
Quando se aproxima o Natal, é costume cair um bom volume d’água para enverdecer
o cinza do plano e dos montes. E nós santanenses, após a peneirada do céu,
aguardamos três quatro dias, para notar a mudança no serrote do Cruzeiro, na
Reserva Tocaia, no serrote do Gonçalinho... Na serra Aguda, elevações que a
circundam a urbe. Bem, ainda não foi dessa vez que choveu bem em Santana. Quem
sabe, amanhã! E como disse certa vez o padre José Augusto: “mas venha mansa”.
Ô
Sertão gostoso!
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